As lesões traumáticas encontram-se entre as condições mais observadas nos restos esqueléticos, podendo afetar o esqueleto de várias formas, sendo as fraturas as mais comuns. As lesões traumáticas podem ser intencionais ou acidentais. Algumas doenças, como é o caso da osteoporose, tornam o osso mais propenso a fraturas, uma vez que afetam o metabolismo ósseo, deixando os ossos fragilizados e suscetíveis a traumas de baixa energia. Este estudo apresenta um caso de politraumatismo observado numa mulher idosa de Évora, Portugal, que faleceu em 1988. O esqueleto foi analisado através de métodosmacroscópicos, a olho nu, e radiológicos. Observaram-se fraturas nas costelas, vértebras, sacro, ilíaco direito, e fémur esquerdo, e ainda alterações morfológicas na anca direita e plataforma tibial esquerda. Todas as fraturas encontravam-se devidamente remodeladas, com tecido ósseo maduro, porém nem todas estavam correctamente alinhadas. apenas na fractura do fémur esquerdo foram observados indícios de infeção. Um ou mais eventos traumáticos graves, assim como a presença de osteoporose, podem estar na origem das lesões observadas. Apesar das lesões presentes, o indivíduo sobreviveu vários anos; contudo, o não alinhamento das fraturas e a presença de infeção sugerem ausência ou insuficiência de cuidados médicos.