Conceitos atuais sobre a intrusão traumática de dentes permanentes: epidemiologia, efeitos de fatores antes e durante o trauma e variáveis de tratamentoRecentemente, Andreasen e sua equipe publicaram uma trilogia de artigos 1,2,3 , baseados em uma análise longitudinal dos casos de intrusão de dentes permanentes atendidos no serviço de trauma do Hospital Universitário de Copenhagen, acompanhados de 1955 a 2003, totalizando 216 dentes. Questões epidemioló-gicas, fatores antes e durante o trauma e variações de tratamento que afetariam a recuperação de um dente intruído foram abordados.No primeiro artigo os autores apresentam de maneira detalhada o protocolo utilizado para obter informações clínicas, documentação fotográfica e radiográfica de pacientes que sofreram trauma dentário no serviço do Hospital Universitário de Copenhagen. Após colherem estes dados, os pacientes com dentes intruídos eram submetidos a um destes três métodos de tratamento: aguardar erupção espontânea, reposicionamento cirúrgico ou extrusão ortodôntica. Além disso todos os dentes tratados eram esplintados por 6 a 8 semanas e 500mg de penicilina eram administrados 4 vezes ao dia durante 4 dias. Os pacientes eram acompanhados em intervalos regulares de 3, 4, 6 e 8 semanas, 6 meses e anualmente até 5 anos após o trauma. Os resultados deste estudo epidemiológico mostram que a intrusão constitui 1,9% dos traumas em dentes permanentes, sendo sua causa principal a queda contra superfícies duras. A faixa etária entre 6 e 12 anos foi a mais acometida, ocorrendo mais cedo com os meninos do que com as meninas. O padrão de trauma poderia incluir de 1 a 5 dentes, sendo mais comum 1 ou 2 dentes intruídos. A localização mais freqüente é na região anterior da maxila, sendo muito rara nos dentes inferiores. A extensão de intrusão pode variar de 1 a 20mm, sendo mais comum até 8 mm. O parâmetro clínico mais usual foi o som oco à percussão (79%) e o parâmetro radiográfico mais confiável para avaliar a quantidade de intrusão foi a distância da junção amelo-cementária de um dente irrompido ao do dente intruído. A obliteração do ligamento periodontal foi vista em 51,8% dos casos.O segundo artigo teve como objetivo avaliar os efeitos de fatores existentes antes e durante o trauma sobre possíveis complicações pós-tratamento, isto é, a necrose pulpar (NP), reabsorção radicular (RR) e perda de inserção periodontal (PP). Os fatores considerados foram: gênero, idade, estágio de desenvolvimento radicular, localização do dente, fraturas dentárias associadas, severidade do deslocamento e o número de dentes envolvidos. Dos 216 dentes avaliados inicialmente 76 foram retirados do estudo, totalizando 140 dentes. Os resultados apresentaram que 124 dentes sofreram NP, sendo a maior parte em 6 meses pós-trauma. A NP estava significativamente associada ao grau de desenvolvimento radicular, sendo mais tardia em dentes com rizogênese incompleta. A RR ocorreu em 67 casos e também estava associada com o grau de desenvolvimento radicular. A maior parte dos casos foi diagnosticada 1 ano a...