IntroduçãoAs manifestações clínicas predominantes da carência da vitamina K são as hemorragias, decorrentes da não ativação das proteínas dependentes da vitamina. Apesar de ocorrer em qualquer faixa etária, o recém-nascido é mais susceptível à doença, por apresentar níveis mais baixos de fatores da coagulação, menores reservas de vitamina K e por ter baixo aporte da vitamina quando alimentado com o leite humano.A doença hemorrágica do recém-nascido, causada pela deficiência de vitamina K, na sua forma clássica, é bastante conhecida dos pediatras. A sua importância clí-nica deixou de ser uma preocupação em virtude do uso de vitamina K após o nascimento como uma forma efetiva de prevenir a doença. A forma tardia da doença, descrita em trabalhos publicados na década de 80, continua sendo pouco divulgada em nosso meio. Nos países de primeiro mundo, a profilaxia da forma tardia constitui, ainda, uma preocupação. O presente estudo objetiva chamar atenção para esta forma tardia de doença, muitas vezes não lembrada pelos pediatras.
ResumoObjetivo: Chamar atenção para a doença hemorrágica do recém-nascido em sua forma tardia, que poderá ter graves conseqüências, incluindo o óbito e seqüelas neurológicas.Métodos: São apresentados e descritos quatro casos de recém-nascidos, com idade variando de 12 a 21 dias de vida, diagnosticados como doença hemorrágica tardia por deficiência de vitamina K.Resultados: Nos casos apresentados as manifestações hemorrágicas foram múltiplas. Os locais acometidos em nossos casos foram o aparelho digestivo, trato urinário, côto umbilical, aparelho respiratório e SNC.Conclusão: O estudo mostra a importância da forma tardia da doença hemorrágica do recém-nascido, destacando-se sua possível gravidade, risco de morte e de seqüelas neurológicas. A administração profilática de vitamina K após o nascimento, preconizada pela OMS, continua sendo a melhor forma de prevenir a doença.J. pediatr. (Rio J.). 1998; 74(1):67-70: deficiência de vitamina K, doença hemorrágica do recém-nascido, doença hemorrágica forma tardia.
AbstractObjective: In this study the authors review this subject, and call attention for the late hemorrhagic disease of the newborn, due to the severity and higher risk of mortality and neurological sequelae.Methods: In this article, four cases of children, age raging from 12 to 21 days, with late hemorrhagic disease associated with vitamin K deficiency were reported.Results: All newborns had multiple hemorrhagic manifestations of the disease. The systems more affected were digestive tract, urinary system, umbilical cord, respiratory system and nervous system.Conclusion: Three forms of hemorrhagic disease of newborn have been related with vitamin K deficiency. However, late vitamin K deficiency bleeding is not common and may not be diagnosed by pediatrician. This form of disease can be prevented by vitamin K prophylaxis administration after birth.