Um romance urbano – O Gororoba: cenas da vida proletária do Brasil

Abstract

Neste trabalho, temos como finalidade mostrar que o romance O Gororoba: cenas da vida proletária do Brasil é uma obra essencialmente urbana e inovadora entre aquelas que integraram o chamado romance social de 1930, pois foi uma das primeiras a enfocar o operário na literatura brasileira. Nesse romance, Lauro Palhano conseguiu retratar, ainda que superficialmente, a vida e o drama dos proletários da borracha e da indústria no início do século XX.

O Gororoba e as primeiras cenas da vida proletária no Brasil

“…Anos mais tarde, Wilson Martins também o apresentaria como romance proletário em sua História da inteligência brasileira (1978). Pretendemos nesse artigo propor uma leitura de O Gororoba (Palhano, 1931) no contexto dessa discussão, para tanto começaremos pela questão do narrador no romance proletário.…”

“…Segundo Temístocles Linhares (1987) em História crítica do romance brasileiro, Lauro Palhano é, na verdade, o pseudônimo do engenheiro mecânico Juvêncio Lopes da Silva Campos, que nasceu na Bahia em 1881. Escreveu O Gororoba (Palhano, 1931) depois de sua experiência na Amazônia, quando trabalhou na construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, inaugurada em seu trecho inicial, no interior da floresta, em 1910. Campos teria se sensibilizado com a realidade da região e a relatou nessa estória, que se passa no final do século XIX e início do século XX, quando do apogeu e crise da borracha.…”

“…O Gororoba (Palhano, 1931) parece, portanto, discordar da importação de soluções europeias, como as comunistas, ou mesmo como o romance proletário, a fim de resolver os problemas brasileiros, incluindo os da literatura. Afinal, apesar das críticas ao capitalismo e da simpatia a operários como Cazuza, o livro propõe soluções religiosas perpetuadoras do status quo, que o distanciam deveras do romance proletário e da sua propaganda da revolução.…”

“…Presença oportuna em O Gororoba (Palhano, 1931) é a questão da substituição do homem pela máquina. Já é sinalizado então o inevitável destino dos trabalhadores -o desemprego:…”