A partir de um inexplorado banco de microdados longitudinais de alunos do ensino médio da rede pública catarinense, o artigo analisa três pontos pouco abordados na literatura sobre a reprovação e a evasão no Brasil. O primeiro é que em dados administrativos a evasão é parcialmente observada por meio do atrito, e discute-se como contornar isso com uma tabulação sistemática da informação. Segundo, no caso catarinense, é possível observar a renda familiar, o que não acontece no Censo Escolar, do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep); então, essa pesquisa pode ser a primeira a modelar evasão e reprovação com dados administrativos, se controlando por essa covariável. Terceiro, faz-se uma abordagem econométrica, assumindo-se que fatores não observáveis podem afetar concomitantemente a reprovação e a evasão. Assim, estimase que o efeito da derradeira reprovação na probabilidade de evasão, tendo-se o controle das características do aluno e da escola, estaria próximo de 35 pontos percentuais (p.p.). No entanto, esse efeito seria mais perto de 20 p.p., para estudantes que não estão em distorção idade-série, e poderia chegar a 45 p.p., para alunos que já reprovaram alguma vez antes.