“…Algumas variáveis podem auxiliar a identificar a possibilidade de configuração do luto complicado, como: tipo de vínculo do enlutado e a pessoa que faleceu; o ciclo vital da pessoa falecida, tipo de morte, acesso ao corpo, possibilidade anterior de resolução de pendências (Braz & Franco, 2007)� Algumas dessas variáveis puderam ser observadas, por exemplo, durante a pandemia de COVID-19, dificultando a elaboração do luto diante da morte de entes próximos. A impossibilidade da realização dos rituais para a despedida, a alta taxa de mortes em um curto período de tempo, a ocorrência de mais de um óbito em um mesmo núcleo familiar e a impossibilidade de contato entre os pacientes e familiares durante as internações são exemplos dessas variáveis (Crepaldi, Schmidt, Noal, Bolze, & Gabarra, 2020)� O processo de luto acompanha perda de reforçadores importantes ao sujeito ( de-Farias, et al, 2021), expondo-o a contingências aversivas que contribuem para a apresentação de fugas e esquivas� Consequentemente, a não exposição às contingências, devido à fuga e esquiva impossibilita ao sujeito entrar em contato com reforçadores relevantes para sua vida (do Nascimento, Nasser, Amorim & Porto, 2015)� Dessa forma, diante do cenário da terminalidade, o psicólogo pode criar condições que previnam o luto complicado, por meio da escuta não punitiva e da validação dos sentimentos verbalizados� Nessa perspectiva, criar um contexto comunicacional efetivo se faz importante, visto que os pacientes ou acompanhantes podem esquivar de falar sobre o assunto (Torres, 2010), e assim, impossibilitar a identificação de estímulos sob os quais tal comportamento referente ao luto complicado é função� A intervenção envolve ensinar a pessoa a viver sem o vínculo perdido, identificando novos reforçadores (de-Farias, et al, 2021)� Portanto, o encaminhamento à psicoterapia analítico-comportamental para acompanhamento do luto pode ser considerada uma conduta favorável e adequada (do Nascimento, et al, 2015). Em contexto hospitalar, intervenções que promovam um contexto comunicacional, juntamente de condições que previnam o luto complicado por meio da escuta não punitiva e validação dos sentimentos dentro do ambiente de saúde, também são necessárias.…”