Resumo: Neste texto, analisamos a prática do jejum pentecostal de uma moradora em uma favela localizada no Norte do Rio de Janeiro, marcada pela insegurança alimentar. Argumentamos que a privação voluntária de alimentação evocada por pentecostais como intercessão com o divino alude a uma possibilidade de aspiração dos pobres em um contexto no qual o sobrenatural pentecostal conforma as texturas, a temporalidade e a espacialidade. Assim, ao renunciarem à alimentação possível em nome do divino, os crentes buscam a segurança alimentar imediata e futura. Tal postulado não é uma contradição, mas uma possibilidade que remete ao sentido de “espera” pela providência, uma temporalidade experienciada no contexto da favela em questão, colocando em perspectiva uma noção de transcendência cristã.