O objetivo deste dossiê foi reunir contribuições acadêmicas que suscitem reflexões acerca da evolução das operações de paz nos últimos 70 anos, desde a autorização da primeira operação de paz das Nações Unidas, em 1948. Tendo em vista o contexto de renascimento das operações de manutenção da paz (OMP), a partir do início dos anos 2000 (BELLAMY; WILLIANS, 2010), e o momento atual de revisão de diretrizes, princípios e práticas que norteiam essas operações (PETER, 2019), buscou-se oportunizar a discussão acerca do papel da ONU como promotora da paz através de suas iniciativas de peacekeeping. Os textos aqui apresentados versam sobre os desafios contemporâneos das OMP, sobre os limites e possibilidades deste importante instrumento na gestão dos conflitos armados. Na segunda parte, por meio da análise de casos selecionados, são explorados aspectos centrais das missões mais recentes da ONU (como o uso da força e o caráter híbrido dos mandatos) e do envolvimento dos Estados nas operações de paz. O texto de Thales Leonardo de Carvalho evidencia a relevância da orientação política dos go-vernos (direita ou esquerda) para o posicionamento dos Estados em relação às operações de paz, destacando a influência desse aspecto no processo de mudança e evolução das operações. Beatriz Albuquerque e Jéssica Barreto também exploram nuances da participação dos Estados nas missões de paz da ONU na medida em que discutem, de forma comparada, os interesses do Brasil e do Canadá ao se engajarem nessas inciativas, buscando construir para si imagens positivas. Esses dois artigos, cada um a seu modo, sinalizam para uma reflexão crítica a respeito dos fatores que alavancam as mudanças de ênfase das operações de paz e as motivações dos Estados que se envolvem nas OMP. Na sequência, o artigo de Rhaíssa Pagot e Kelly Ernst estabelece uma análise comparativa entre a UNAMIR e a UNAMID, concluindo que o caráter híbrido das operações de paz se configura como uma forma de legitimar as intervenções da ONU. Seguindo também um viés crítico de argumentação, o texto de Geraldine, Letícia, Matheus e Amanda problematiza as consequências do uso da força nas operações de paz, tomando como