Artigo recebido em 22 de janeiro de 2016, versão final aceita em 3 de agosto de 2016.
RESUMO:Esta pesquisa objetivou analisar os processos de criação da RESEX Rio Xingu e a elaboração do seu Plano de Manejo, destacando como se deu a assimilação e repercussão desses processos pelas famílias ribeirinhas locais. A metodologia baseou-se na aplicação de entrevistas semiestruturadas, transcrição das mesmas, observação direta e participante e caminhadas nas áreas de uso das famílias. Foi optado pelo uso de narrativas devido ao fato de estas representarem com maior fidelidade a opinião e realidade vivenciada pelos interlocutores. No caso em estudo, a criação da Unidade de Conservação contribuiu para que fosse modificada a condição de usurpação das terras dos ribeirinhos por grileiros e fazendeiros, entretanto, foram verificadas dificuldades de assimilação pelos moradores da nova conjuntura estabelecida pela criação da RESEX e regras no seu Plano de Manejo, decorrentes, principalmente, da imposição de normatizações relacionadas a práticas tradicionalmente adotadas pelas famílias, o que influenciou no não cumprimento ou no sentimento do direito de não cumprir as regras estabelecidas, mudanças nas relações sociais e externalização de conflitos. Essa repercussão está atribuída, sobretudo, à rapidez com que foi conduzida a criação da área protegida, falhas no processo metodológico de construção do Plano de Manejo, ao comportamento passivo das famílias, quando consultadas, e à falta de maturação no diálogo entre os moradores da Reserva e as instituições envolvidas no processo de criação e gestão da mesma.Palavras-chave: Amazônia; modos de vida; plano de manejo; populações tradicionais.
ABSTRACT:This research aims to analyze the creation processes of Rio Xingu RESEX and the preparation of its Management Plan, highlighting how the assimilation and repercussion of these processes by local riverside families was achieved. The methodology was based on the application of semi-structured interviews, transcription of the same, direct and participant observation with hiking in the areas of use of the families. The use of narratives