Introdução. Práticas baseadas em Mindfulness têm apresentado resultados promissores para saúde mental e mudanças positivas no contexto laboral. Objetivo. Determinar se a intervenção de práticas baseadas em Mindfulness aplicada por oito semanas é capaz de diminuir os níveis de estresse percebido, depressão, ansiedade e burnout, e aumentar o nível de atenção plena em uma amostra de trabalhadores técnico-administrativos de uma universidade pública. Método. O estudo contou com duas etapas. A primeira trata-se de um estudo analítico de corte transversal, e a segunda de um ensaio clínico controlado randomizado. Realizado em unidades de ensino e setores administrativos do campus da Universidade de São Paulo de Ribeirão Preto, com trabalhadores da categoria técnico-administrativa. Participaram da primeira etapa 929 sujeitos. Realizada regressão linear logística múltipla em modelo ajustado e não ajustado para os escores de estresse percebido, com intervalo de confiança de 95%. Na segunda etapa participaram 60 sujeitos, randomizados para um grupo que recebeu uma intervenção com práticas baseadas em Mindfulness por oito semanas (Programa Mindfulness) (Grupo Experimental [GE]: 30 participantes) e outro que não recebeu nenhuma intervenção (Grupo Controle [GC]: 30 participantes). O principal desfecho avaliado foi o estresse percebido por meio da Escala de Estresse Percebido (PSS14). Os desfechos secundários foram: depressão pelo Inventário de Depressão de Beck (BDI-II), ansiedade pelo Inventário Ansiedade de Beck (BAI), burnout pela escala Maslach Burnout Inventory-General Survey (MBI-GS) e atenção plena pelo Questionário das Cinco Facetas de Mindfulness (FFMQ-BR). Todos avaliados antes (T0) e após a intervenção (T1). Realizada análise descritiva, teste do Qui-quadrado de Pearson e teste Exato de Fisher para comparar distribuições das variáveis entre GE e GC, teste de Mann-Whitney para avaliar mudanças intergrupos entre T0 e T1. Adotado critério de significância de 0,05 em todas as análises. Ensaio clínico registrado sob o número UTN: U1111-1179-7619. Resultados. Na primeira etapa, dentre as variáveis que isoladamente se associaram ao escore do estresse percebido, cinco permaneceram preditoras no modelo ajustado: idade (p<0,001), ser do sexo masculino (p<0,001), ocupar cargo de nível técnico (p=0,013) quando comparado ao nível básico, e o escores de depressão (p<0,001) e ansiedade (p<0,001). O modelo ajustado explicou 57,9% da variação dos dados da Escala de Estresse Percebido. Na segunda etapa, o GE apresentou redução dos escores médios de estresse percebido (p<0,001), depressão (p<0,001), ansiedade (p=0,003) e aumento do escore médio total de atenção plena (p=0,012) e em duas facetas da escala (3-observar: p=0,010 e 6-não reagir à experiência interna: p=0,002), quando comparado ao GC. O mesmo efeito pós-intervenção não foi observado para burnout em escore total (p=0,314) e em nenhuma das dimensões da escala (Exaustão Emocional: p=0,083; Cinismo: p=0,736 e Eficácia no Trabalho: p=0,486). Conclusões. Os resultados da primeira ...