Os cigarros eletrônicos surgiram na China em 2003 como uma opção para a cessação do tabagismo. Atualmente o seu uso é crescente entre adolescentes e adultos jovens, sendo que os efeitos do cigarro eletrônico na saúde bucal são pouco conhecidos. O objetivo desse estudo foi realizar uma revisão crítica e atualizada sobre a composição dos cigarros eletrônicos, estrutura dos dispositivos e os efeitos na saúde bucal. Foi realizada uma busca por artigos científicos nas bases de dados PubMed (Medline), Scopus e Periódicos Capes, utilizando os termos: electronic nicotine delivery systems and oral health OR electronic cigarettes and oral health OR E-cigarettes and oral health. Um total de 98 artigos foram encontrados e após a aplicação dos critérios de inclusão, exclusão e busca nas referências dos artigos selecionados, 22 artigos foram utilizados para a revisão. Por não haver uma regulamentação, a composição dos cigarros eletrônicos é bastante variável. No entanto, em nosso estudo foi possível observar que algumas substâncias estão presentes em todas as composições como propilenoglicol e/ou glicerina vegetal. A presença de metais pesados e a quantidade de nicotina foi bastante variável. A adição de aromatizantes, apesar dos sabores variáveis, parece ser um componente comum entre os cigarros eletrônicos, já que é considerado um dos principais atrativos para os usuários. Em relação à estrutura, todos os dispositivos apresentam: bateria, que pode ser recarregável ou não; bobina de aquecimento; câmara de vaporização e bocal. Além disso, há diferentes formas de apresentações do produto como caneta, cigarro industrial, dispositivo de bolso portátil, vaporizador de caneta e modelo de caixa. Em relação aos efeitos na saúde bucal foi observado que parece haver menores efeitos negativos quando o cigarro industrial é substituído pelo cigarro eletrônico. Estudos mostram parâmetros periodontais semelhantes ao normal quando o cigarro industrial é substituído pelo cigarro eletrônico. No entanto, nos estudos que compararam usuários do cigarro eletrônico com indivíduos nunca usuários, foi possível observar aumento na liberação de citocinas inflamatórias e do fator de necrose tumoral, alterações citológicas, cicatrização retardada de alvéolos após exodontias, aumento no potencial cariogênico e a presença de alterações bucais como boca seca, língua negra, língua pilosa, estomatite nicotínica e candidíase crônica hiperplásica. Considerando que os cigarros eletrônicos são dispositivos relativamente novos, os efeitos a longo prazo ainda não são possíveis de serem avaliados. Além disso, a falta de regulamentação em relação a composição dificulta a análise dos resultados apresentados pela literatura até o momento. Sendo assim, mais estudos são necessários para avaliar os reais efeitos dos cigarros eletrônicos na saúde bucal.