Uso dos isótopos 15N e 18O em nitrato e a sua importância em estudos de contaminação de aquíferos urbanos na América Latina

Abstract

Este trabalho analisa o estado atual do conhecimento sobre o uso de isótopos estáveis (15N e 18O) na identificação de fontes de nitrato e os processos que controlam o transporte e transformação das espécies nitrogenadas em aquíferos situados em áreas urbanas e periurbanas na América Latina. Ao longo desse artigo, apresentam-se: (i) as principais reações e processos que controlam o nitrogênio dentro do ciclo; (ii) as fon-tes de contaminação de nitrato nas águas subterrâneas; (iii) as composições isotópicas de 15NNO3 e 18ONO3 de acordo com as fontes e fatores que levam a seu fracionamento; (iv) o uso combinado de outros traçadores (Cl-, 11B, 34S, 18OSO4) com os isótopos 15NNO3 e 18ONO3 em estudos de contaminação; e (v) estudos de caso na América Latina que empregam isótopos ambientais em aquíferos urbanos. Embora existam muitos dados acerca da composição isotópica de nitrato em águas subterrâneas, estes restringem-se a regiões situadas na Europa, América do Norte, Ásia e Oceania, constatando-se uma latente lacuna de dados no cenário latino-americano. Dessa forma, mais estudos são necessários concentrando-se no uso de modelos estáveis de mistura de isótopos e na melhoria da compreensão sobre o fracionamento isotópico mediante realização de ex-perimentos laboratoriais e de campo em áreas urbanas na América Latina.

Relações entre o uso do solo e a distribuição das concentrações de nitrato no aquífero urbano do município de Bauru, SP

“…Grande parte dos centros urbanos paulistas apresenta, em diferentes graus, contaminação dos aquíferos por nitrato (VARNIER et al 2021), o que é corroborado pelo monitoramento de qualidade da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), que, desde 1990, tem detectado um aumento sistemático nas concentrações desse nutriente nas águas subterrâneas (CETESB 2022).…”

“…E para 18,9% das amostras, os resultados ultrapassavam o Valor de Alerta (VA), igual a 5-10 mg/L N-NO 3 -, definido pela CETESB ( 2004) em suas ações de prevenção e controle à contaminação. A maioria desses valores foi encontrada no Sistema Aquífero Bauru (SAB), considerado a unidade hidrogeológica com maior área de exposição (96.000 km 2 ) no estado e a mais vulnerável à contaminação humana (VARNIER et al 2021).…”