Usuários da informação com deficiência em bibliotecas: uma análise da produção científica em Biblioteconomia e Ciência da Informação

Abstract

Os usuários com deficiência ainda são incógnitas e trazem desafios importantes para a prática bibliotecária. Por isso, analisar a existência deste usuário no contexto da informação é uma necessidade para repensar a atualidade nos ambientes informacionais. Assim, com o objetivo de analisar como a pessoa com deficiência, enquanto usuária da informação, foi abordada pela literatura da área no período de 1970 até 2019, buscou-se realizar um levantamento bibliográfico em uma base de dados da área da Ciência da Informação. Descritores específicos foram utilizados e os resultados analisados e categorizados, considerando variáveis como estudos voltados: 1) à acessibilidade e inclusão; 2) à Tecnologia Assistiva em bibliotecas; 3) às deficiências mais e menos abordadas; 4) aos aspectos relacionados à atuação profissional; 5) às práticas inclusivas existentes nas bibliotecas. Embora a literatura apresente estudos significativos e que as bibliotecas possuam, em sua maioria, recursos de Tecnologia Assistiva, a área requer atenção, reflexão e ação diante das reais necessidades de um usuário com deficiência, para uma atuação mais significativa, que garanta sua inclusão no ambiente informacional.

Inclusão de usuários com deficiência intelectual e transtorno do espectro autista em bibliotecas universitárias

“…Os empecilhos que excluem a pessoa com deficiência, ou que dificultam seu processo de pertencimento, não são recentes e precisam ser motivo de atenção para atuações profissionais mais condizentes com a realidade. Dessa forma, torna-se urgente trabalhar a formação e a capacitação em diversas áreas, pois as barreiras sociais ou atitudinais ainda são consideradas como o início de todas as outras (Manzini et al, 2003;Castro;Almeida, 2014;Ponte;Silva, 2015;Vigliar;Naspolini, 2020;Wellichan, 2022).…”

“…Wellichan ;Manzini, 2021;Wellichan, 2022). Somados a esses elementos está a necessidade de ações práticas que reflitam diretamente no atendimento de usuários com deficiência, como algumas experiências descritas a seguir.…”

“…A falta de conhecimento específico e a necessidade de capacitação profissional é também citada por Lawrence (2013) ao descrever que os bibliotecários devem se envolver com a neurodiversidade, pois a profissão está comprometida em "fornecer serviços de informação inclusivos e equitativos" (Lawrence, 2013, p. 104) e isso inclui também a contratação de pessoas com TEA (ou qualquer outra deficiência) para trabalhar na biblioteca (Pupo, Carvalho;Oliveira, 2008;Manzini, 2021;Wellichan, 2022), o que pode contribuir para a mudança de discurso, para melhoria na convivência e a aproximação com usuários nessas condições, em um ambiente mais "amigável".…”

“…Partindo do princípio de que cada pessoa e cada deficiência é única, ainda que dentro da mesma condição, é preciso um atendimento mais individualizado que possa fornecer informações específicas e revertê-las em ações práticas (Wellichan, 2022), como é o caso de usuários com DI ou com TEA, que nem sempre apresentam características visíveis. No entanto, independentemente das caraterísticas que cada pessoa possa apresentar, não são elas que definem o atendimento, mas a sua necessidade naquele espaço.…”

“…Assim, observa-se que, apesar da legislação, o processo inclusivo apresenta, na prática, fragilidades, avanços e desafios de forma constante, que vão do ingresso até a permanência nas escolas e universidades. Para atender as necessidades desse público em diferentes espaços (biblioteca, sala de aula, secretaria, laboratórios, cantina, entre outros) é preciso formar e capacitar os profissionais envolvidos para conhecer, adaptar e vivenciar tal cenário (Wellichan, 2022).…”