Dor no peito representa um sintoma alarmante que, freqüentemente, leva pacientes a procurarem atendimento médico por receio de evento coronariano, que ocasiona risco de morte. Após excluída a causa cardíaca, essa condição passa a ser denominada dor torácica não-cardíaca ou, como mais recentemente proposto por CASTELL (12) , dor torácica de origem indeterminada (DTOI), já que mesmo com coronárias normais, resta a possibilidade de angina microvascular (8) .A real magnitude do problema não é conhecida. Estima-se que nos Estados Unidos cerca de 1,5 milhões de angiografias coronárias sejam realizadas por ano para investigação de dor torácica, sendo 30% destas normais ou com alterações mínimas, o que representa pelo menos 450.000 novos casos de DTOI a cada ano. Estes números estão subestimados, já que muitos pacientes são diagnosticados como portadores de DTOI com base em exames não-invasivos (23) .Doenças do esôfago constituem as principais causas de DTOI, identificadas em 29% a 60% dos casos (3,6,16) , sendo a doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) a alteração mais freqüentemente encontrada, seguida pelos distúrbios motores esofagianos (DME) (33) .
PAPEL DOS TESTES PROVOCATIVOS ESOFAGIANOS NA INVESTIGAÇÃO DE PACIENTES COM DOR TORÁCICA DE ORIGEM INDETERMINADALuiz J. ABRAHÃO Jr. e Eponina M.O. LEMME RESUMO -Racional -As dores de origem esofagiana e coronariana são bastante semelhantes do ponto de vista clínico, havendo necessidade de exclusão desta última, que ocasiona risco de morte. A investigação esofagiana tradicional de pacientes com dor torácica de origem indeterminada, envolve emprego de endoscopia digestiva alta, esofagomanometria e pHmetria esofagiana prolongada. Esses métodos, embora de grande importância diagnóstica, muitas vezes, revelam alterações, em sua maioria, potenciais para a origem da dor. Os testes provocativos de dor esofagiana, ao reproduzirem-na em laboratório, apontam com segurança a sua origem. Objetivos -Determinar a positividade dos testes de perfusão ácida, do edrofônio e da distensão esofagiana com balão em pacientes com dor torácica de origem indeterminada, e correlacionar os resultados com os testes habitualmente empregados, estabelecendo o ganho no diagnóstico da dor esofagiana comprovada. Resultados -Estudaram-se 40 pacientes com dor torácica de origem indeterminada (angiografia coronária normal), sendo 80% do sexo feminino e média de idade de 54 anos. A endoscopia digestiva alta revelou esofagite erosiva em dois pacientes (5%) e úlcera péptica em um (2,4%); a esofagomanometria foi anormal em 60%; a pHmetria prolongada foi anormal em 14 (35%), com índice de sintomas positivo em 7. A dor foi considerada de origem esofagiana comprovada (índice de sintomas positivo à pHmetria) em 7 (17,5%) pacientes e 19 (47,5%) com origem esofagiana provável (8 por doença do refluxo gastroesofágico e 11 por distúrbios motores). Em 14 (35%) a origem da dor não foi demonstrada. O teste de Bernstein foi positivo em 10 (25%), o teste do edrofônio em 8 (20%) e o teste do balão em 15 (37,5%), sendo que 23 p...