Acta bot. bras. 24(4): 952-963. 2010.
IntroduçãoO fl úor, poluente atmosférico extremamente fi totóxico (Weinstein & Davison 2003), pode ser liberado na atmosfera durante a produção de alumínio, tijolos, vidros e aço (Fornasiero 2001). Nas plantas, o fl úor penetra principalmente pela folha (Fortes et al. 2003) que é o órgão mais estudado para avaliação do impacto causado por poluentes (Silva et al. 2000) e o principal sítio de acumulação deste elemento (Ledbetter et al. 1960). Entretanto, algumas espécies vegetais são capazes de acumular grandes quantidades de fl úor em suas folhas sem apresentar injúrias visuais (Arndt et al. 1995), o que torna o uso apenas da sintomatologia inadequado na avaliação do efeito de substâncias fi totóxicas (Tuffi Santos et al. 2007 (Peixoto et al. 2005) pois pode aumentar signifi cativamente a absorção e acúmulo desse elemento e causar fl uorose dentária e-ou óssea, além de efeitos mutagênicos (Mohamed & Chandler 1977; WHO 2002;Jones et al. 2005). O fl úor ingerido é absorvido rapidamente pelo trato gastrointestinal, carregado pela corrente sanguínea e excretado via sistema renal ou é incorporado aos tecidos calcifi cados, sendo que a maior parte do elemento incorporado ao esqueleto e aos dentes tem uma meia-vida biológica de vários anos (WHO 2002 RESUMO -(Toxicidade e acúmulo de fl úor em hortaliças nas adjacências de uma fábrica de alumínio). Com o objetivo de avaliar o potencial de acumulação de fl úor e o percentual deste elemento removido pela lavagem, quatro espécies de hortaliças foram expostas em área poluída. Spondias dulcis foi utilizada como bioindicadora de reação e apresentou sintomas típicos em resposta ao poluente. Somente a salsa apresentou sintomas. Apesar de aparentemente sadias, as folhas das outras espécies utilizadas para estudos microscópicos, exceto da cebolinha, evidenciaram alterações na superfície, principalmente associados aos estômatos. Houve redução na espessura do limbo, mais acentuada no manjericão e na cebolinha, havendo formação de tecido de cicatrização na couve e condensação do conteúdo das células epidérmicas na salsa. As folhas subuladas e eretas da cebolinha favoreceram o menor acúmulo do poluente; já na salsa, as folhas laminares, recortadas e paralelas ao solo contribuíram para a maior retenção. A lavagem das folhas removeu 34,1 e 73,9% do fl úor na cebolinha e na salsa, respectivamente, indicando que a maior parte do poluente encontrava-se internamente na cebolinha e externamente na salsa. O cultivo destas hortaliças em áreas poluídas por fl úor é inadequado, pois os teores do poluente estão acima do recomendado para o consumo, mesmo após a lavagem das folhas. Palavras-chave: anatomia foliar, Allium schoenoprasum, Brassica oleracea, Ocimum basilicum, Petroselinum crispum ABSTRACT -(Toxicity and fl uoride accumulation in herbs grown in the vicinity of an aluminum plant). To assess fl uoride accumulation potential and the percentage of fl uoride removed by washing, four herb species were exposed to a polluted area. Spondias dulcis was used a...