INTRODUÇÃOO melanoma primário pode afetar diversas estruturas oculares, desde a pálpebra, conjuntiva, úvea (coroideia, corpo ciliar e íris) e muito raramente a órbita, sendo responsável por cerca de 3% -5% de todos os melanomas. [1][2][3][4][5][6][7] É importante referir que o melanoma intraocular (também designado melanoma da úvea) é considerado uma identidade diferente do melanoma cutâneo e da conjuntiva. O primeiro tem origem nos melanócitos da mesoderme e metastiza por via hemática, em contraste com o tumor da pele e mucosas que tem origem na ectoderme e metastiza, preferencialmente, por via linfática.
4É sobre o melanoma primário da coroideia, que corresponde a 85% dos melanomas oculares, que incide este trabalho de revisão. Em comparação com o melanoma da íris, apresenta pior prognóstico e melhor que o melanoma do corpo ciliar.
1,4,6Epidemiologia e fatores de risco O melanoma da coroideia é o tumor intraocular maligno primário mais comum no adulto, e o segundo tipo de melanoma primário mais frequente, imediatamente após o melanoma cutâneo. Estima-se uma incidência anual de aproximadamente 4 -10 casos por 1 milhão de habitantes. 1,2,3,6,[8][9][10] É mais frequente na sexta década de vida e, ao contrário do que se observa na maioria das neoplasias, a sua incidência parece decrescer em idades mais avançadas. Distribui-se igualmente em ambos os sexos, com predileção por indivíduos de pele e olhos claros.
1,4,7,11Acredita-se que a maioria dos melanomas da coroideia se desenvolva a partir de nevus pré-existentes, embora o crescimento de novo também possa ocorrer.Outros factores de risco são a melanocitose congéni-ta ocular e óculo-dérmica, síndrome de nevus displásico e neurofibromatose tipo 1. Não há evidência científica consistente quanto ao papel da radiação ultravioleta, ao contrário do que ocorre nos casos de melanoma da pele e mucosas. 4,5,7,8,[11][12][13]
Apresentação clínicaAs manifestações clínicas são inespecíficas e não contribuem para o diagnóstico, sendo muitas vezes um achado acidental num exame oftalmológico de rotina.Numa fase inicial os doentes são assintomáticos, mas quando o tumor atinge grandes dimensões ou se localiza próximo ao nervo óptico ou mácula, pode causar queixas de baixa visão, miodesópsias e fotópsias. A dor é rara e um sintoma sugestivo de mau prognóstico. 4,5,7,10,11,13 Ao exame oftalmológico, o melanoma da coroideia apresenta-se como uma lesão elevada subretiniana, geralmente única e unilateral, com uma coloração que varia de amelanocítica (15% -20%) a pigmentada castanho-acinzentada, sendo raramente preto escuro. Tem uma conformação nodular (75%) (Fig. 1), em cogumelo (20%) (Fig. 2) ou difusa (5%). Subjacente ao tumor é possível observar alterações do epitélio pigmentado da retina como atrofia,