Vacinologia reversa: um novo paradigma para o desenvolvimento de imunizantes destinados à saúde única

Abstract

A universalização da vacinação constitui uma das políticas de saúde pública mais bemsucedidas da história da humanidade, diminuindo sobremaneira a incidência, a morbidade e a mortalidade de doenças imunopreveníveis. Para tanto, a primeira geração de imunizantes se baseou na atenuação ou inativação do respectivo patógeno-alvo para induzir uma resposta imune protetora. Tal abordagem possui a desvantagem de demandar o cultivo e propagação in vitro do agente infeccioso em laboratórios de elevado nível de biossegurança e complexidade operacional. Alternativamente, avanços na área da biotecnologia vêm possibilitando o desenvolvimento de novas vacinas por meio da integração das ciências ômicas, permitindo uma maior compreensão a nível molecular da fisiologia do patógeno-alvo. Diante desse panorama, a vacinologia reversa emerge como uma abordagem promissora ao prospectar antígenos sem a necessidade do cultivo in vitro de patógenos, utilizando ferramentas computacionais para o reconhecimento e triagem de potenciais alvos vacinais. O presente capítulo irá transcorrer sobre as principais etapas aplicadas na vacinologia reversa, suas limitações e as perspectivas de avanço para as próximas décadas.