Valor De Uso, Indicações Terapêuticas E Perfil Farmacológico E Etnofarmacológico De Duas Espécies Do Gênero Piper L. Em Uma Comunidade Quilombola Na Amazônia Oriental Brasileira

Abstract

RESUMO O presente trabalho objetiva verificar o valor de uso e as indicações terapêuticas de duas espécies nativas classificadas localmente como pimentas, traçando seus perfis farmacológicos e etnofarmacológico. O estudo ocorreu na APA do Rio Curiaú (Macapá, Amapá) em duas etapas: entrevistas semiestruturadas com 16 especialistas usando o método Turnê Guiada e aplicação de formulários sobre uso local, através de pesquisa etnodirigida. As amostras foram coletadas e depositadas nos herbários HAMAB e RB. A validação medicinal foi realizada através de vigilância científica, além de ter sido verificado o valor de uso das espécies para os especialistas entrevistados. Foram identificadas duas espécies de Piperaceae, Piper marginatum Jacq. (pimenta do mato) e P. tuberculatum Jacq. (pimenta de macaco), indicadas para tratamento de enfermidades da pele, erisipela, dores de cabeça e de estômago, catapora, infecção urinária e reumatismo, além da indicação mágico-simbólica contra "mal olhado". O valor de uso indicou P. marginatum como a espécie mais usada, entretanto, apenas a indicação gastrointestinal correspondeu com a existente na literatura.

Antimicrobial activity of amazon medicinal plants

“…The Amazon has great biological and sociocultural diversity, represented by indigenous peoples and traditional populations, who have an invaluable collection of traditional knowledge about regional biodiversity (Marques, Anjos, & Costa, 2020). Conducting studies with plants used by these ethnic groups and in traditional medicine is considered a priority in the Brazilian Amazon due to the great richness of its flora, which can be used to obtain antimicrobial substances (Pereira, Santos, Rodrigues, Andrade, & Guimarães, 2020).…”

Caracterização morfológica de piperáceas nativas conservadas em casa de vegetação

“…e P. montealegreanum Yunck são conhecidas como plantas medicinais podendo ser usadas contra insetos, picadas de cobras, e como analgésico ou anti-inflamatório (D'Angelo et al, 1997;De Araújo Júnior et al, 1999;Pinto et al, 2012). Um exemplo é a espécie Piper marginatum Jacq., popularmente conhecida como pimenta-do-mato ou malvaísco, que tem suas raízes utilizadas no tratamento de picada de insetos, contra doenças hepáticas e tem potencial larvicida contra Aedes aegypti e Leishmania amazonensis (De Oliveira Chaves & De Oliveira Santos, 2002;Autran et al, 2009;Pereira et al, 2020;Macêdo et al, 2020). Também pode ser usada na agricultura, no combate ao fungo Cladosporium cladosporioides, mostrando eficiência, principalmente no período de pós-colheita (Macêdo et al, 2020).…”

Entre as serras

“…descreve as plantas utilizadas pela Comunidade Kalunga, no cerrado goiano, comparando o conhecimento com o de comunidades em áreas urbanas. O uso de plantas medicinais também foi investigado porSilva (2002) na Comunidade de Curiaú no Macapá, porFranco & Barros (2006), na comunidade Olhos D'água do Pires no Piauí, porPereira et al (2007) na Amazônia Oriental e no Maranhão temos o trabalho deMonteles & Pinheiro (2007).…”