Variações em caracteres morfológicos e ecológicos em populações de Bothrops jararaca (Serpentes: Viperidae) no estado de São Paulo

Serpentes do Município de Viçosa, Mata Atlântica do Sudeste do Brasil

“…Em 6 de fevereiro de 2006 pariu 36 filhotes, sendo 2 natimortos. A massa da fêmea após o parto foi de 570 g. O comprimento rostro-cloacal médio da ninhada foi 24,4 cm, e a massa média foi de 7,075 g, valores menores que os obtidos para ninhadas de áreas de altitude de São Paulo (26,26 cm e 9,9 g), que tinham em média 17,4 filhotes (Almeida-Santos 2005, Moraes 2008. Contudo, a massa relativa da ninhada de Viçosa (0,446) e dessas localidades de São Paulo (0,45) foi semelhante, mostrando a tendência do tamanho da ninhada e a massa dos filhotes serem inversamente proporcionais (King 1993, Shine 2003.…”

História natural das serpentes das região de Munhoz, sul de Minas Gerais, Serra da Mantiqueira.

“…A seleção natural tende a favorecer fêmeas maiores, pois um corpo maior e mais volumoso pode ser vantajoso em relação à fecundidade, permitindo que as fêmeas produzam e mantenham mais ovos ou embriões em seus ovidutos SHINE, 1994;SHINE et al, 1998). Na maioria dos viperídeos brasileiros, as fêmeas FURTADO; TRAVAGLIA-CARDOSO; ROCHA, 2006;MONTEIRO et al, 2006;MORAES, 2008 (SHINE, 1978;SHINE, 1994). Essa afirmação não se confirma para os viperídeos brasileiros, onde, por exemplo, as espécies B. atrox, B. leucurus e B. moojeni apresentam o ritual de combate entre machos, e as fêmeas são maiores e mais pesadas (LELOUP, 1975;TRAVAGLIA-CARDOSO et al, 1993;SANT'ANNA et al, 2007).…”

“…Em B. jararaca, quando o dimorfismo sexual é comparado em relação ao SSD (grau de dimorfismo sexual, proposto por Shine, 1994), foi observada variação entre diferentes populações da espécie. O SSD obtido no presente estudo (0,29) foi menor do que o verificado em outras populações de B. jararaca MORAES, 2008). Variações no SSD podem estar relacionadas à taxa de crescimento diferenciada em um dos sexos devido ao consumo de presas mais calóricas (MADSEN e SHINE, 1993;GILLINGHAM, 2003;MORAES, 2008) ou a diferentes pressões seletivas para diferentes tamanhos corporais entre os sexos GILLINGHAM, 2003;MORAES, 2008 Variações geográficas nas proporções corporais já foram relatadas para outras espécies de serpentes (SHINE, 1991;MADSEN e SHINE, 1993;KING et al, 1999).…”

“…As fêmeas adultas de B. jararaca têm o comprimento relativo da cabeça maior do que os machos. Esse dimorfismo pode estar relacionado a divergências na composição da dieta entre machos e fêmeas, pois as fêmeas geralmente predam ítens mais volumosos do que os machos SAZIMA e HADDAD, 1992;MORAES, 2008 SANT'ANNA e ABE, 2007).…”

Evolução das estratégias reprodutivas de Bothrops jararaca (Serpentes: Viperidae)

“…A reprodução em populações de B. jararaca do clado norte foi estudada apenas para a cidade de São Paulo, Serra do Mar e adjacências (JANEIRO-CINQUINI et al, 1993;TRAVAGLIA-CARDOSO, 2001;ALMEIDA-SANTOS, 2005; ALMEIDA-SANTOS; SALOMÃO, 2002;MORAES, 2008 Para cálculo do volume testicular, foi utilizada a fórmula: VT = 4/3 π abc; onde a = 1/2 comprimento, b = 1/2 largura e c = 1/2 espessura (SHINE, 1980). O volume dos testículos foi utilizado como indicador da atividade espermatogênica (FOX, 1952;SHINE, 1977a;VOLSØE, 1944).…”