“…Analisar essas interfaces nos permite concluir que dificilmente se chega às produções audiovisuais dos povos origináriosdos Estados Unidos, Austrália, ao Brasil -sem que se retomem as atividades de formação implementadas por organizações não-governamentais, associações indígenas e/ou por pesquisadores e acadêmicos, cujo resultado mais emblemático é o significativo acervo imagético produzido sobre a memória e as tradições, sobre a história e as formas de resistência políticas e culturais dos povos tradicionais. Como já identificamos (Felipe, 2019a;2020a), com os professores Sol Worth e John Adair, desenvolveu-se a experiência seminal de cinema indígena, a partir de um trabalho de formação e produção de documentários, em 1966, junto ao povo Navajo, de Pine Springs, no Arizona (EUA), resultando em 16 filmes após um workshop que pretendia viabilizar que a comunidade Navajo tivesse o "controle sobre todas as etapas do processo" (Gonçalves, 2016, p. 659 No Brasil, caso emblemático e pioneiro encontramos na organização não governamental Vídeo nas Aldeias (VNA), criada em 1986 por um grupo de indigenistas e antropólogos do Centro de Trabalho Indigenista (CTI), cujas oficinas formaram realizadores e coletivos em territórios situados do norte ao sul do país, com maior expansão a partir dos anos 2000, quando a ONG, comandada pelo cineasta indigenista Vincent Carelli, transformou-se em uma espécie de escola de cinema indígena.…”