Varicela: vigilância epidemiológica e imunoprofilaxia

Abstract

A varicela é uma doença infecciosa aguda, imunoprevenível, altamente contagiosa, causada pelo vírus varicela-zoster (VVZ), caracterizada pela presença de febre e vesículas disseminadas em todo o corpo. 1,2 Sua principal característica clínica é o polimorfismo das lesões cutâneas, que se apresentam nas formas evolutivas de máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas, acompanhadas de prurido. 1 A reativação da infecção latente pelo VVZ causa herpes-zoster. 1 Cerca de 90% dos indivíduos que nunca tiveram a doença ou não foram vacinados têm a possibilidade de desenvolver a varicela após contato próximo com caso confirmado. 3 A transmissão ocorre de pessoa a pessoa por contato direto com as lesões de pele ou secreções respiratórias, por meio de disseminação aérea de partículas virais ou aerossóis. 2 O período de transmissibilidade iniciase um a dois dias antes do aparecimento dos exantemas e se estende até que todas as lesões estejam em fase de crosta. 1,2 Em média, o período de incubação é de 14 a 16 dias, podendo variar entre 10 e 21, ser mais curto em imunocomprometidos e mais longo após imunização passiva. 1.2 A infecção pode ocorrer durante o ano todo, porém observa-se um padrão sazonal de aumento do número de casos no período que se estende do fim do inverno até a primavera. 4 Nas crianças hígidas, geralmente, é uma doença benigna e autolimitada. 1 Em menores de 1 ano de idade, adolescentes, adultos, gestantes e indivíduos com comprometimento imunológico, o quadro clínico tende a ser mais grave. 2,3 As complicações da varicela podem ser: infecção bacteriana secundária de pele, que pode levar a quadros sistêmicos de sepse, desidratação, ataxia cerebelar aguda, encefalite, trombocitopenia; pneumonia; varicela hemorrágica em crianças imunocomprometidas; e complicações raras, como síndrome de Reye associada ao uso de ácido acetilsalicílico, glomerulonefrite, hepatite e artrite. O acometimento durante a gestação pode levar à infecção fetal, capaz de causar embriopatia, com síndrome da varicela congênita, sob risco de óbito fetal. 1,2,3 Desde 2001, no estado de São Paulo (ESP) os surtos de varicela em ambientes restritos como creches, escolas e hospitais são devidamente notificados no Boletim de Notificação de Surtos do Sinan Net, tendo em vista a investigação e a adoção das medidas de controle adequadas contra a propagação da doença. 5 De acordo com a Portaria n° 1.271, de 6 de julho de 2014, a varicela é de notificação compulsória no Brasil, devendo ser notificados somente os casos graves internados e óbitos, por meio da Ficha de Notificação Individual. 2