O aumento na demanda de água para múltiplos usos, tais como irrigação, abastecimento público, industrial, geração de energia elétrica, entre outros, resulta na degradação ambiental e em conflitos pelo uso da água, especialmente no que concerne à conservação dos ecossistemas aquáticos naturais. O reconhecimento da alteração hidrológica causada por tais demandas e da sua consequente degradação ambiental, em uma escala global, conduziu aos estudos de ecohidrologia, ou seja, das inter-relações funcionais entre hidrologia e biota, utilizando os ecossistemas aquáticos como ferramenta base de gestão sustentável dos recursos hídricos. Neste contexto, o objetivo deste artigo é apresentar algumas metodologias para determinação de vazões ambientais, com enfoque naquelas com abordagem efetivamente ecológica, subsidiadas por metodologias de habitat e holísticas, traçando um paralelo com os estudos de vazão ecológica realizados no Brasil, e ainda, identificar o distanciamento entre o estado da arte no mundo e o arcabouço legal brasileiro sobre o tema. Apesar de a legislação brasileira explicitar a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades bióticas e sua integração com a gestão ambiental, essa ainda se apóia em uma base conceitual de vazões remanescentes, associadas às metodologias hidrológicas quantitativas, precursoras das metodologias ecológicas e ambientais. Além disto, os trabalhos experimentais, ainda que escassos, vem demonstrando que o regime de vazões ecológicas necessário à manutenção do ecossistema tem se mostrado mais restritivo, com relação à disponibilidade hídrica, contrastando-se com os critérios de vazão remanescente atualmente adotados pelos órgãos gestores de recursos hídricos do Brasil. Palavras-chave: vazão remanescente, outorga, ecohidrologia.