Este trabalho tem como objetivo compreender o fenômeno da violência autoprovocada por adolescentes no contexto da privação de liberdade a partir de um relato de experiência. Trata-se, desse modo, de um estudo descritivo e qualitativo, realizado a partir da experiência profissional na execução de medidas privativas de liberdade e na gestão da política socioeducativa em articulação com a política de saúde mental. Observou-se que o isolamento, a exposição à situação de violência sexual no interior da unidade socioeducativa e a presença de histórico familiar de tentativas de suicídio parecem constituir fatores de risco para a prática da violência autoprovocada, recorrente nesse contexto. Discutiu-se sobre a importância da implementação de protocolo de manejo da autolesão e da classificação de risco em saúde mental. Concluiu-se que é primordial observar a função e as contingências nas quais ocorre tal comportamento, a fim de se traçar as estratégias e os encaminhamentos mais adequados.