Violência e sofrimento social no itinerário de travestis de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil

Abstract

No ano de 2012, realizamos pesquisa etnográfica com travestis de Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, por meio de observação participante, entrevistas e acompanhamento de suas vidas cotidianas. Durante esse período, percebemos que as violências física e simbólica e o sofrimento delas decorrentes eram invariantes, condição com a qual tinham que lidar em seus itinerários, em suas práticas e afazeres diários. Este artigo discute as violências vivenciadas nas trajetórias percorridas pelas travestis (família, escola, delegacias, serviços de saúde), procurando, sobretudo, compreender como tais violências estão relacionadas às experiências nos serviços de saúde e como os serviços de saúde por elas acessados reagiram às violências.

A Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros (LGBT) e o acesso ao Processo Transexualizador no Sistema Único de Saúde (SUS): avanços e desafios

“…Since PHC is responsible for coordinating care and that it is where transgender people are referred to reference services, we ask ourselves whether, in fact, raising awareness so that PHC and Family Health Strategy teams are prepared to receive this population would not be important. Even with the number of transgender surgeries brought in this study and with the concern of the CTSLGBT evidenced in the documents, other recent studies have highlighted the difficulties of access of transgender people to the services of the SUS 1,4,9,10,14 . Considering the introduction of the right to the social name in the Charter of the Health Users' Rights 20 as an important action to promote universal access to the SUS, the issue of the social name as a fundamental aspect to access was also underscored.…”

“…However, CTSLGBT is concerned with the use of the social name being respected by health professionals. In order to meet this de- While the CTSLGBT gathers efforts to spread respect for the use of the social name, services do not always meet this prerogative 5 , a fact also denounced by recent studies 1,4,9,10,14 . Hence, would expanded comprehensive care and social name bring transgender people closer to or keep them away from health services?…”

“…This is a challenge for Brazil, which has a culture rooted in conservatism coupled with recent advances of religious fundamentalism in democratic spaces, which delegitimize the agendas of the LGBT population, putting at risk the principle of a secular state 2 . Thus, this work was proposed based on this situation, characterized by transgender women and men who experience the most diverse violence 14 daily and who demand health care. We aimed to analyze how the sex reassignment process has been implemented in the SUS and its convergence with PNSILGBT, reflecting on some advances and challenges.…”

(Trans)formações corporais: reflexões sobre saúde e beleza

“…Os variados corpos trans, em geral, são conformados com diferentes doses hormonais, que poderão variar com as indicações das redes de amizade, solidariedade e mesmo de cafetinagem, considerando que diversos estudos sobre saúde trans apresentam em suas amostras trabalhadoras do sexo (Bento, 2006;Pelúcio, 2009;Souza et al, 2015). Nesta pesquisa, 9 entre 13 mulheres trans e travestis relataram trabalhar ou já terem trabalhado com prostituição.…”

“…Essas experiências não afirmam a inexistência de pessoas trans que desejam modificar suas genitálias, contudo, questionam a universalização desse desejo pelo processo transexualizador, na figura do transexual verdadeiro, bem como a centralização das metas terapêuticas na cirurgia de redesignação sexual. Ao produzirem exclusões no acesso ao Sistema Único de Saúde, essas concepções contribuem para o adoecimento e a morte da população trans, como apontaram os estudos de , Bento (2006Bento ( , 2012, Arán, Murta e Lionço (2009) e Souza et al (2015).…”