As mulheres constituem parte da população que usa nocivamente drogas, o que torna primordial a realização de estudos voltados para o cuidado ofertado a elas nos CAPS AD. Neste artigo, analisamos as posições identitárias construídas pelos profissionais do CAPS AD II de uma cidade do interior da Paraíba para mulheres que consomem álcool e outras drogas. Nossa pesquisa se fundamentou, sob o ponto de vista teórico-metodológico, na proposta de estudo da produção de sentidos a partir da análise das práticas discursivas. No que diz respeito à perspectiva dos estudos de gênero, recorremos, sobretudo, às contribuições do feminismo pós-moderno. Optamos por uma pesquisa qualitativa e realizamos entrevistas semiestruturadas das quais participaram sete profissionais. Os sentidos produzidos sobre “o que é ser mulher” giraram em torno da variedade de demandas delegadas às mulheres, especialmente dentro da rotina familiar. Em algumas narrativas, isso foi apresentado como um fator positivo, associado à “força”. Porém, em outras, foi considerado negativo, pois gera sobrecarga e sofrimento. No entanto, quando se trata das mulheres usuárias do CAPS AD, os relatos ressaltam, sobretudo, as dificuldades e as vulnerabilidades que elas enfrentam. Essas mulheres foram posicionadas como pessoas que têm um histórico mais intenso de sofrimento, entretanto, suas dores são deslegitimadas.
Palavras-chave: Mulheres; drogas; produção de sentidos; CAPS AD; práticas discursivas.