Violência entre usuárias de unidades de saúde: prevalência, perspectiva e conduta de gestores e profissionais

Abstract

OBJECTIVE:To estimate the prevalence of violence in women who are primary healthcare users and to verify if these situations were detected and how they were tackled by these services' professionals. METHODS: RESULTS:A specifi c protocol for assisting women in situations of violence was mentioned in fi ve municipalities. The majority (83%) of the coordinators reported that situations of violence among female users were detected, although 74% said this was not routinely investigated, which was confi rmed by 72.3% of the professionals. Among the women, 76.5% reported having experienced some type of violence throughout their lives, and 56.4% said that an intimate partner was the perpetrator of that violence; almost 30% reported at least one episode in the 12 months prior to the interview; 6.5% reported looking for help at a Primary Healthcare Unit. CONCLUSIONS:A relevant proportion of users experienced violence in their daily routine, mainly perpetrated by an intimate partner. Most of the women were neither identifi ed nor approached in these services and did not receive help. Although health managers and professionals realized the magnitude of the problem, they did not consider that primary care was prepared to assist these women. The study showed that there is no intersectoral care network to assist women in situation of violence.

Caracterização das mulheres agredidas em uma zona urbana localizada em uma região de fronteira

“…18 Já quanto ao agressor ser o cônjuge, confirma-se que a violência contra a mulher é geralmente praticada na própria residência, tendo o parceiro íntimo como principal agente na maioria dos casos. 5,17 A agressão por parceiro íntimo é uma das principais formas de violência de gênero em todo o mundo, sendo responsável por cerca de 80% dos casos. [19][20] Em relação aos dias da semana em que ocorreram as agressões contra a mulher, o domingo e o sábado foram os dias de maior prevalência em relação aos demais dias, conforme demonstrado na Tabela 2.…”

“…22 Porém muitos profissionais da saúde desconhecem o fluxo de funcionamento e ou a existência da estrutura da rede de atendimento à mulher, bem como não reconhecem como parte de seu trabalho e/ou recursos necessários para intervir sobre esse problema de saúde, a fim de assistir as vítimas que vivenciam ou vivenciaram situação de violência. 5,23 Para tanto, torna-se necessário que haja a promoção de capacitações dos profissionais de saúde em todos os níveis de atenção para conhecer as formas de violência, as normas técnicas e protocolos de assistência às vítimas, como se dá o encaminhamento aos serviços de apoio existentes na rede de atendimento à mulher. 21 Bem como, necessitam estarem habilitados ao atendimento, sensíveis ao problema e com postura acolhedora, para assim, poder avaliar os sinais e sintomas, com o finalidade de prevenir e tratar as suas consequências.…”

“…Em conjunto com a aprovação do diretor do Hospital Geral domunicípio da fronteira oeste do Rio Grande do Sul, por meio da assinatura do Termo de Autorização da Instituição Coparticipante. 5 A falta de investigação por parte da equipe de saúde no momento do atendimento às mulheres agredidas, seja em Unidades Básicas de Saúde ou no serviço de Pronto Socorro, faz com que os profissionais percam a oportunidade de intervir de alguma forma sobre esse evento. 5 Nesse sentido, é de fundamental importância que os serviços de saúde estejam preparados para identificar situações de violência sofrida pelas vítimas de agressões para que as primeiras medidas de atenção e cuidado possam ser tomadas de forma especializada e acolhedora.…”

“…Sendo que a agressão contra a mulher constitui-se em preocupação atual tanto no âmbito da saúde pública como dos direitos humanos, pois atinge as mulheres no mundo todo e nas diversas faixas etárias do seu ciclo vital, provocando sérios prejuízos à sua saúde e ao desenvolvimento psicossocial. 5 Ao longo dos anos, a mulher carregou o estigma de sujeito com potencialidades reduzidas frente ao homem. Tendo como base, questões construídas culturalmente pela sociedade, as quais deliberam os papéis que esses atores sociais devem assumir, de ser homem e o de ser mulher, quem agride e quem é agredido.…”

Violência contra mulher em contexto de vulnerabilidade social na Atenção Primária: registro de violência em prontuários

“…Estudos evidenciam que os profissionais de saúde enfrentam dificuldades para abordar a situação de violência com mulheres que procuram atendimento nos serviços de saúde por outras queixas e silenciam a respeito da violência sofrida. 16,28,29 Além disso, os referidos estudos sinalizam que os profissionais reconhecem a magnitude do problema, contudo, muitas vezes, não se sentem capacitados para fazer o atendimento ou não dispõem de recursos necessários para tal, aliado à ausência ou desconhecimento de rede de atendimento ou guias e protocolos para realizá-lo, 7,10,29 ficando à mercê da sua própria subjetividade ao optar por escutar e acolher ou mesmo para investigar uma situação de violência. Ressalta-se que as repercussões da violência também afetam o profissional da saúde, podendo interferir na tomada de decisão frente à situação.…”