O conceito de serviços ecossistêmicos tratado nos capítulos anteriores transmite uma ideia geral intuitiva e facilmente compreensível a respeito da dependência do bem-estar humano em relação aos ecossistemas (SCHWILCH et al., 2016). Entretanto, apesar dos avanços em pesquisas nas últimas décadas, a incorporação do conceito de serviços ecossistêmicos na tomada de decisões e gestão do território ainda apresenta grandes desafios, como lacunas de pesquisa sobre as relações causais entre as funções ecossistêmicas, os serviços por elas produzidos e o bem-estar humano, (DE GROOT et al., 2010; PIRES et al., 2018) e abordagens transdisciplinares que relacionem, de maneira genuína, diferentes setores sociais e formas de conhecimento para solucionar complexos desafios socioambientais (PEREVOCHTCHIKOVA et al. 2019). De maneira correlata, observa-se também uma lacuna entre a ciência e a prática, predominando uma visão unidirecional de transferência de conhecimento científico baseado em evidências em Ecologia e Conservação, na qual dificilmente são considerados aspectos como a limitação da racionalidade humana, a complexidade de fatores, atores e interesses na tomada de decisão, os limites difusos entre a ciência e a prática e a pluralidade de sistemas de conhecimento e visões de mundo envolvidas nas esferas de decisão (BERTUOL-GARCIA et al., 2018). Este descompasso entre a ciência e a prática se re-