Objetivo: Conhecer a percepção de estudantes de Medicina sobre o que é ser médico no Brasil. Método: Estudo qualitativo por meio de entrevista semiestruturada com estudantes dos ciclos básico, clínico e internato de uma instituição pública de ensino. O roteiro de entrevista respondido por escrito continha dados sociodemográficos e pergunta aberta sobre o que é ser médico, hoje, no Brasil. Foi realizada análise de conteúdo dos dados textuais, com apoio do software webQDA. Resultados: Participaram 210 estudantes, 107 do sexo feminino e 103 do sexo masculino, sendo 70 do ciclo básico (primeiro período), 83 do ciclo clínico (quarto e nono períodos) e 42 do internato (décimo segundo período). Os dados textuais deram origem a três categorias: concepção do que é ser médico; desafios da prática médica; e sofrimento procedente do aprendizado e exercício da Medicina. Em cada categoria foram observadas diferenças nas percepções dos estudantes à medida que avançam no curso. A concepção do que é ser médico no ciclo básico se aproxima do perfil do egresso preconizado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais e vai se afastando dela nos períodos mais avançados, assim como evidenciam maiores desafios nos últimos anos e quanto mais adiantado o período, mais frequentemente externado o sofrimento inerente ao ambiente educacional e ao exercício da medicina. Conclusões: A percepção dos pesquisados evidencia a desilusão em relação ao que é ser médico hoje no Brasil e o desafio do exercício da profissão de acordo com o perfil do egresso preconizado nas Diretrizes Curriculares Nacionais devido às barreiras enfrentadas.