Giubiasco é um ex-município no distrito de Bellinzona, no cantão de Ticino, que fica na Suíça. No início do século vinte, meu bisnonno paterno, com quem partilho o nome, se estabeleceu ali com a família para comandar a operação da usina hidroelétrica de Morobbia-Giubiasco, que foi concluída em 1903 e explorava a disponibilidade de água do riacho Morobbia e dos seus afluentes, Valmaggina e Carmena. A usina de Morobbia-Giubiasco fornecia eletricidade à indústria siderúrgica emergente da região de Bellinzona, por meio de três hidrogeradores de 515 [kW]. Naqueles anos, o setor elétrico estava em franco desenvolvimento e havia oportunidades de trabalho em toda a Europa, especialmente para pessoas qualificadas. Então, alguns anos após o nascimento dos filhos, meu bisnonno decidiu retornar à Itália para se estabelecer definitivamente no Piemonte, sua região de origem. Meu papà, com quem também divido o nome e o entusiasmo pela eletricidade, seguiu os passos do nonno e formou-se eletrotécnico pelo Istituto Avogadro em Turim tendo trabalhado na Azienda Elettrica Municipale di Torino até imigrar para o Brasil. Já meu bisnonno materno, Luigi, era músico e tocava clarinete, tendo tocado sob a batuta do maestro Arturo Toscanini. Ele imigrou para o Brasil com a família após a primeira guerra mundial, por absoluta falta de oportunidades profissionais no Piemonte, sua terra natal. Ele se estabeleceu em São Paulo e trabalhou por muitos anos na Indústria Gardano, do setor alimentício. Deste lado do atlântico ele teve que deixar de tocar profissionalmente por questões econômicas, mas sua estima pela música transcendeu a sua geração e inspirou filhas, netos e netas. Meus pais se conheceram quando minha mamma, Cecília, foi à França para complementar seus estudos de especialização em língua francesa na Sorbonne Université. Mamma foi a primeira pessoa da família a se formar em uma universidade, ela era bacharel em português e francês pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Ela e papà casaram-se algum tempo depois e se instalaram definitivamente em São Paulo no início dos anos setenta.Como você já deve estar imaginando, eu fui criado em um lar genuinamente piemontês.Herdei o entusiasmo pela engenharia elétrica do meu pai, e também do meu bisnonno, e a paixão pela docência de minhã mãe. Na vida profissional, como engenheiro e professor, sempre busquei a seriedade e o trabalho duro de ambos, uma particularidade ímpar do iii iv povo piemontês 1 , que eles foram capazes de preservar e transmitir.Durante o curso de engenharia elétrica me interessei pelo assunto proteção de sistemas elétricos. Em parte pela afinidade com o Professor Eduardo Cesar Senger, que viria a ser meu orientador de mestrado e doutorado nos anos seguintes, e em parte pela possibilidade de conciliar arte e ciência com esse assunto tão importante para o setor 2 .A oportunidade que o prof. Senger generosamente me ofereceu, com a possibilidade de participar dos projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Laboratório de Pesquisa em Proteção e Automação de Sistemas Elé...