Há séculos o Cântico de Zacarias (Lc 1:67-79), conhecido também como Benedictus, é lido, entoado e orado por cristãos de diferentes denominações. O texto, que está cheio de alusões e ecos do Antigo Testamento, rende um preito de gratidão a Deus por cumprir Suas promessas do passado, por meio da vinda do Messias, cujo precursor é o filho do Sacerdote Zacarias, João Batista. Este hino, que se encontra no chamado Evangelho da Infância de Lucas (Lc 1:5-2:52), trata-se de uma linda e rica poesia semita com sotaque lucano. O Benedictus aborda alguns temas bíblico-teológicos muito caros ao cristianismo, tais quais a doutrina do Espírito Santo (pneumatologia, v. 67), a doutrina de Cristo (cristologia, vv. 68ab, 76b, 78-79), a doutrina da salvação (soteriologia, vv. 68c-69, 71, 73b-75, 77), a teologia das alianças (vv. 69, 70, 72-73), o conceito de misericórdia divina (vv. 72a, 78a) e a missão de João Batista (vv. 76-77), e o mais importante, o cumprimento da fidelidade e das promessas divinas, feitas a Seu povo, no AT sobre a vinda do Messias. Este artigo procura analisar todos estes aspectos da perícope – histórico, linguístico, intertextual e teológico – aplicando, para isto, o Método da Análise Retórica Bíblica Semítica. Ao término, nas Considerações Finais, são feitas aplicações práticas, de cunho pastoral, sobre a passagem.