“…Para encetar uma definição, estas arqueologias foram entendidas como práticas arqueológi-cas onde o objetivo da pesquisa está direcionado para a produção de conhecimento com, para e pelos indígenas e não apenas sobre eles (Atalay, 2008), considerando-se os seguintes aspectos: 1) a colaboração e o diálogo efetivo com as populações indígenas, para alcançar o seu engajamento e interação plena durante todo o processo de construção e divulgação do conhecimento arqueológico, evitando a utilização de estratégias e justificativas exó-genas de convencimento dos indígenas sobre a importância da pesquisa (Greer et al, 2002;Silva, 2012;Silva e Stuchi, 2010); 2) o desenvolvimento de questões e agendas de pesquisa que possam beneficiar e que sejam aprovadas pelas populações indígenas, e que incorporem as suas perspectivas locais na investigação e interpretação do registro arqueológico, diversificando as vozes interpretativas sobre o passado e os significados do patrimônio arqueológico, construindo uma educação mútua entre arqueólogos e indíge-nas (Marshall, 2002;Tully, 2007;Silva, 2002Silva, , 2009aSilva, , 2012Silva et al, 2011); 3) o respeito às prerrogativas culturais locais de gerenciamento dos patrimônios culturais; 4) a combinação de métodos indígenas com abordagens científicas ocidentais; 5) o reconhecimento das conexões que estes povos fazem entre o passado, o presente e o futuro (Colwell-Chanthaphonh e Ferguson, 2010;Colwell-Chanthaphonh et al, 2010;Croes, 2010;Siliman, 2010;Wilcox, 2010); 6) a ênfase na realização de "etnografias arqueológicas", ou seja, na incorporação de méto-dos etnográficos em projetos arqueológicos, no sentido de apreender a significância do registro arqueológico dada pelos diversos coletivos envolvidos e afetados pela pesquisa e pela gestão do patrimônio arqueológico, ou ainda, de entender o modo como a prática arqueológica afeta as dinâmicas culturais no mundo contemporâneo (Hamilakis e Anagnostopoulos, (Eds.) 2009;Colwell-Chanthaphonh, 2009b).…”