O grupo dos Cetáceos, formado basicamente por baleias, botos e golfinhos evoluiu em um ambiente que propiciou o desenvolvimento de sistemas complexos de comunicação acústica. Devido às suas propriedades físicas, o som viaja cerca de cinco vezes mais rápido na água do que no ar, sendo uma das energias mais eficientes no meio aquático. Sendo assim, os cetáceos são animais vocalmente ativos. Golfinhos da família Delphinidae destacam-se por apresentarem um complexo comportamento vocal, formado por assobios, cliques de ecolocalização e pulsos explosivos. Esses sons são utilizados na realização de diversas tarefas, tais como socialização, caça, navegação e discriminação de objetos. Além de características morfológicas, como posição da nadadeira dorsal, presença de manchas ou padrões de coloração, os sinais acústicos produzidos por esses animais podem ser utilizados na identificação ao nível de espécie. Bioacústica é a ciência responsável por estudar os mecanismos e forças envolvidas na produção, recepção e propagação do som. Essa área do conhecimento tem crescido nos últimos anos para o estudo de cetáceos devido às dificuldades em estudar esses animais em seu habitat natural, que permanecem submersos por longos minutos e apresentam um comportamento que dificulta a aproximação de pesquisadores para identificação da espécie. Algoritmos de classificação acústica têm sido desenvolvidos e aprimorados por se mostrarem extremamente úteis em situações que impossibilitam ou dificultam a observação de delfinídeos. Condições meteorológicas adversas como ventos, chuvas, estado do mar alto, períodos noturnos e de baixa visibilidade podem comprometer a identificação visual e o estudo com esses mamíferos. Com base nisso, este trabalho buscou classificar espécies de delfinídeos com base apenas em seu repertório acústico para o oceano Atlântico Sul ocidental. Foi possível identificar acusticamente três espécies: Delphinus delphis, Stenella frontalis e Stenella longirostris. Essas espécies foram frequentemente avistadas durante o Projeto Talude, uma pesquisa realizada entre 2013 a 2015 nos taludes sul e sudeste do Brasil. Provavelmente essas espécies também estavam acusticamente disponíveis quando condições meteorológicas não propícias não permitiram a identificação visual pelos observadores de bordo. Trabalhos como esse podem contribuir com a conservação dos cetáceos, que sofrem constantemente com os impactos causados por humanos em seu ambiente.