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INTRODUÇÃOAs interações entre pedestres e veículos são aspectos críti-cos em relação à segurança e atrasos. Os problemas de segurança são evidenciados pela severidade dos acidentes que envolvem os dois modos, frequentemente resultando em ferimentos graves e óbitos. Os atrasos são, muitas vezes, decorrentes de travessias mal projetadas que aumentam a variabilidade e tempo de viagem.Estas interações têm recebido atenção especial de técni-cos e desenvolvedores de softwares de simulação de tráfe-go. A engenharia de tráfego, que historicamente concentra maior atenção aos veículos motorizados, passou a considerar também os modos não motorizados. Neste cenário, surge uma demanda por modelos que representem o comportamento de pedestres e veículos com um nível de detalhamento compatível com os simuladores de tráfego.Na tração e repulsão entre pedestres e os elementos do ambiente. As interações, que ocorrem nas travessias, geralmente são representadas por um modelo de aceitação de brechas.Este artigo apresenta a metodologia de coleta de dados desenvolvida para obter parâmetros para calibração do modelo de aceitação de brechas do VISSIM. Este software foi escolhido, dentre outros, por utilizar uma abordagem mais elaborada da interação entre veículos e pedestres. Neste modelo, as brechas são medidas em relação à área de conflito da travessia, e não entre veículos, como no caso tradicional, apresentado posteriormente neste artigo.De maneira geral, assume-se que pedestres e veículos adotam comportamentos diferenciados, de acordo com o tipo de travessia: (i) semaforizadas, (ii) sinalizadas e (iii) não sinalizadas. Nas travessias semaforizadas, considera-se que não existe aceitação de brechas porque não ocorre interação entre veículos e pedestres. Nas travessias sinalizadas (e.g. faixas de segurança) a preferência é dos pedestres, e os veí-culos aceitam brechas entre eles. Nestes casos, a calibração dos parâmetros de aceitação de brechas requer uma coleta de dados, pois as brechas aceitas podem depender de fatores locais como fiscalização, número de faixas de tráfego, número de pedestres e faixa etária, etc. As situações em que veículos não obedecem à sinalização não serão analisadas, pois nos softwares de simulação pesquisados a sinalização da travessia é sempre obedecida.Nas Resumo: A microssimulação de tráfego tem incorporado, cada vez mais, modelos que representam os pedestres e suas interações com veículos. A simulação de travessias de pedestres classicamente utiliza um modelo de aceitação de brechas, cujos parâmetros devem ser calibrados para cada situação. Este artigo apresenta a metodologia de coleta de dados desenvolvida para obtenção de valores de brechas frontais e traseiras com o objetivo de calibrar um modelo de travessias de pedestres codificado através do software VISSIM. O método utilizado permite a consideração de particularidades do processo de travessia de pedestres como, por exemplo, situações em que os pedestres atravessam fora da área sinalizada, ou iniciam a travessia enquanto o veículo ainda não liber...