Com base de uma pesquisa etnográfica junto a mães, prestadores e gestores de serviços assistenciais de saúde e equipes pesquisa na epidemia do Zika no Brasil a partir de 2015 este trabalho apresenta a atuação de oito mulheres na mediação e formação de redes em diferentes domínios de cuidado que atravessam o ambiente emergencial. Discute o conceito de mediação como multifacetada, polissêmica e transitória ocorrendo no “saber correr atrás” (de benefícios) de atores na conexão entre domínios familiares de cuidado que se organizam por uma moral de relacionalidade cotidiana, do domínio de serviços de atendimento e gestão com uma moral de preservação do sistema de atendimento, e do domínio de pesquisadores com uma moral de conhecimento. Argumenta que a prática de mediação usa e preserva as redes no domínio do mediador, mostrando a sua conexão complementar a outro domínio através de ações especificas, expressando emoções em diferentes intensidades que contribuem à confiabilidade mutua e consecução de serviços. Exemplifica a atuação de quatro mediadoras dos serviços de atendimento e de gestão, duas de equipes de pesquisa, e duas de associações que representam as famílias. Termina realçando a importância do tempo emergencial na criação de mediação mais intensa enquanto a transitoriedade do evento da epidemia desfavorece continuidades.