Este artigo explora narrativas sobre como a guerra iniciada em Outubro de 2017, no extremo Norte da província de Cabo Delgado, em Moçambique, por um grupo armado localmente reconhecido por mashababos, impera não só a violência física contra populações das regiões conflagradas, mas também as outras formas [de violência], desde simbólicas a psicológicas, através de repressões e silenciamentos da manifesta vontade das vítimas de falar sobre os seus traumas. Amparado por uma etnografia realizada entre 2018 e 2021 em Nacaca, num centro construído para abrigar os deslocados de guerra, a tese central deste artigo é de que os deslocamentos forçados impostos contra as vítimas do conflito em análise, se interseccionam não só ao seu exercício de memória no querer contar as suas experiências vivenciadas sobre a guerra, mas também aos traumas que se criam pelas formas de silenciamentos impostos por diversos actores que perpassam aos seus novos espaços de refúgio.