Considerando que os manuais de metodologia científica ofertam uma abordagem mecanicista para o trabalho com o gênero fichamento na sala de aula do Ensino Superior (ES), o objetivo deste artigo é apresentar uma sequência didática para a elaboração de fichamentos a partir do interacionismo sociodiscursivo (ISD), voltada a professores e estudantes do ES. Para tanto, apoiamo-nos em Bakhtin (2003) e entendemos o texto como um enunciado composto simultaneamente por discursos “já ditos” e por enunciados prefigurados pelo sujeito em contato com o “já dito”, numa relação dialógica. Quanto à metodologia, seguimos a estruturação da sequência didática atrelada à teoria dos gêneros textuais para ensino de língua materna, conforme os pressupostos de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004). A partir dos nossos resultados, argumentamos que a sequência didática ora apresentada contribui para a ressignificação do gênero fichamento por parte de estudantes e professores, os quais deixam de vê-lo como um fim em si mesmo, algo que precisa ser entregue ou preenchido, e passam a encará-lo como um aparato de acesso para transpor o nível meramente textual do “dito escrito” para adentrar o nível crítico da leitura acadêmica com aproveitamento científico, a qual envolve uma aproximação reflexiva com o “não dito/não escrito”.