ResumoObjetivos: O presente artigo se propõe a realizar uma revisão sobre a hipovitaminose A e os efeitos da suplementação com essa vitamina na morbi-mortalidade infantil.Métodos: Foram utilizados, como fontes de dados, artigos publicados em revistas científicas indexadas, livros técnicos e publicações de organismos internacionais.Resultados: As manifestações clínicas da xeroftalmia ocorrem tanto na retina (cegueira noturna) como na conjuntiva e na córnea (xerose conjuntival, com ou sem manchas de Bitot e xerose corneal). A última pode evoluir para a úlcera corneal e para a necrose liquefativa (ceratomalácia). Esses sinais e sintomas são, a priori, os melhores indicadores no diagnóstico da carência, porém são extremamente raros. Entre os indicadores laboratoriais destacam-se a Citologia de Impressão Conjuntival e as dosagens de retinol sérico. A OMS sugere a utilização de dois indicadores biológicos para caracterizar a deficiência de vitamina A numa população. No caso de apenas um indicador biológico, esse deve ser respaldado por um conjunto de quatro fatores de risco adicionais. A xeroftalmia corneal deve ser tratada como uma emergência médica; no momento da suspeita diagnóstica, o esquema terapêutico é 200.000 UI de vitamina A via oral, repetindo-se o tratamento com 24 horas (metade da dose para os menores de um ano). A suplementação com vitamina A em áreas onde a deficiência é endêmica pode levar a uma diminuição de 23% a 30% na mortalidade de crianças de 6 meses a cinco anos de idade, bem como atenuar a gravidade da diarréia. Dentre as estratégias de controle da hipovitaminose A, são apresentadas as medidas de curto prazo (suplementação com megadoses), médio prazo (fortificação de alimentos) e longo prazo (diversificação dietética).Conclusão: Existem evidências de deficiência de vitamina A entre crianças brasileiras, e o pediatra deve estar atento à ocorrência, ainda que esporádica, dos sinais e sintomas dessa deficiência. Tornase imperativo incluir a vitamina A na agenda das políticas públicas que visam melhorar a sobrevivência infantil.
AbstractObjectives: This paper presents a review about vitamin A deficiency and the effects of vitamin A supplementation on morbidity and mortality among children.Methods: The sources of information were articles published in scientific journals, technical and scientific books, as well as publications of international organizations.Results: Clinical manifestations of xerophthalmia involve the retina (night blindness) as well as the conjunctiva and cornea (conjunctival xerosis, with or without Bitot spots and corneal xerosis). The later can lead to corneal ulceration and liquefactive necrosis (keratomalacia). These signs and symptoms are, in principle, the best indicators to diagnose this deficiency, but their occurrence is extremely rare. Among the laboratory indicators, we can mention Conjunctival Impression Cytology and retinol determinations in serum. WHO suggests the use of two biological indicators to characterize vitamin A deficiency at population level. If only one ...