Na primeira infância, os cuidadores exercem um papel essencial na relação que as crianças estabelecem com as mídias digitais, mas ainda é necessário compreender melhor onde baseiam suas práticas relacionadas a esse tópico. O objetivo deste estudo longitudinal foi analisar os fundamentos especificamente das práticas maternas relativas às mídias digitais, suas estabilidades e mudanças ao longo da primeira infância, antes e durante a pandemia por COVID-19. Participaram 22 mães com filhos entre cinco e 33 meses de idade na primeira etapa da coleta de dados (pré-pandemia) e entre 32 e 60 meses na segunda fase (durante a pandemia). A partir de análise temática reflexiva de entrevistas semiestruturadas sobre o uso de mídias digitais na família, foram construídos quatro temas que descrevem e interpretam os fundamentos das práticas maternas: Informações sobre uso de mídias digitais na infância, Busca por alternativas às mídias digitais, Reações e comportamentos do bebê/criança e Vivências da própria infância. Ainda que esses fundamentos tenham se mantido os mesmos nas duas etapas, foram observadas algumas alterações nas práticas maternas, relacionadas ao desenvolvimento infantil e a mudanças nas provisões ambientais ocorridas na pandemia. Os resultados sugerem que as práticas maternas relacionadas às mídias digitais são construídas em um processo autoral, ativo e dinâmico. As implicações práticas do estudo incluem aprimorar o suporte individualizado às mães por profissionais de saúde e escolas, fortalecer a rede de apoio no cuidado à criança e ampliar as opções de lazer das famílias.
Palavras-chave: cuidados parentais; desenvolvimento infantil; mídias digitais; pandemia por COVID-19