Escândalos de corrupção envolvendo as diferentes esferas do poder público, assim como o poder privado, têm se tornado comum nos meios de comunicação. Além dos impactos políticos e socioeconômicos da corrupção, uma questão relevante para os estudos sobre o tema se refere a sua racionalização. Nesta pesquisa, nosso objetivo é explorar as justificativas para participação em esquemas de corrupção apresentadas por denunciados como forma de racionalização de seu envolvimento. Para isso, conduzimos uma pesquisa qualitativa com base intrepretativista, analisando o conteúdo de dez entrevistas concedidas por envolvidos em escândalos de corrupção no Brasil, nos anos de 2013 a 2016. A análise apontou certa similaridade no discurso utilizado pelos envolvidos, permitindo a constatação de categorias nas quais estes se enquadram (negação de responsabilidade, a negação de dano, as ponderações sociais, a negação do ato, a metáfora do equilíbrio e a postura cínica). Os resultados apontam que a partir de um questionamento, cada um dos envolvidos expõe sua versão do fato criando pontos em comum em seus discursos, que parecem surgir como resultado das interações e articulações sociais que os envolvem, contribuindo para um cenário favorável à perpetuação de corrupção nas organizações. A contribuição teórica desta pesquisa para os estudos organizacionais está em compreender a racionalização dos indivíduos para a perpetuação de um fenômeno não raro nas organizações, porém, ainda pouco explorado.