RESUMO Os objetivos deste artigo foram identificar e analisar o uso do conceito socialização em artigos publicados em revistas avaliadas como A1, no campo da educação, entre os anos de 1998 e 2018. Partindo do pressuposto de que as teorias da socialização não são apropriadas em um consenso teórico único, a intenção é conhecer as formas pelas quais elas têm sido incorporadas por pesquisadores, a fim de problematizar as fragilidades e/ou o potencial analítico da noção. Por meio de consulta em periódicos indexados na base Scientific Electronic Library Online (SciELO), uma das mais importantes bases de dados de publicações científicas, foi possível classificar 87 artigos tendo como base a palavra-chave socialização. Para desenvolver o argumento, dividiu-se este material em seis categorias: socialização em tempos contemporâneos; socialização e aportes teóricos; socialização:família/escola; infância e socialização de gênero; socialização profissional; e socialização política. Foi possível verificar usos múltiplos do conceito, abarcando maneiras genéricas e pontuais do termo, usos com breves apontamentos definidores e, até mesmo, modos circunstanciados na tentativa de avançar e/ou recuperar seu vigor conceitual nas pesquisas no campo da educação.
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O presente trabalho, construído a partir de minha pesquisa de Doutorado, tem como objetivo revelar, compreender e discutir socializações musicais contemporâneas de crianças e jovens que aprendem música no contexto de uma orquestra, tendo como foco o projeto educativo, as expectativas e concepções de suas famílias em relação à aprendizagem musical desenvolvida na orquestra da qual participam. A referida orquestra iniciou como uma proposta de inserção social através da música, em um edital público de processo seletivo ao ingresso do aluno e permanência no grupo. No primeiro edital, houve a inscrição de mais de 1200 crianças e adolescentes a partir da qual a primeira turma de alunos foi formada, foco do presente estudo. Suas famílias são pertencentes aos meios populares e residem em bairros distantes do centro da cidade de Porto Alegre, RS, onde as aulas de instrumento e os ensaios da orquestra são realizados. O estudo foi construído a partir dos depoimentos orais de 27 famílias e dos 28 alunos participantes da orquestra na perspectiva qualitativa, apoiado nos trabalhos de Lahire, Bourdieu, Gayet, Papadopoulos e Setton. Ao longo do estudo, foi possível compreender que, ao mesmo tempo em que os jovens aprendem música e convivem no âmbito do universo erudito legitimado pela orquestra, possuem outras referências musicais e desenvolvem práticas culturais que encontram-se no universo do popular. Contudo, as socializações marcadas tanto no espaço da família quanto no espaço da orquestra mostram que as escolhas musicais dos alunos e suas práticas culturais não estão dissociadas de outras socializações. Além disso, os resultados apontam que o ambiente musical de origem, construído nas experiências cotidianas familiares em interação com outras instâncias de socialização, não foi abandonado pelos atores sociais dessa pesquisa ao longo de sua formação musical na orquestra. Encontram brechas para uma mistura contemporânea de estilos e vivências musicais, em que cada espaço seleciona e opina sobre o que se pode ouvir, e o que se pode tocar. A pesquisa possibilitou compreender que a família exerce um papel ativo como interlocutora do projeto de seus filhos em aprender música. São famílias que se desdobram e se dedicam para que os filhos possam continuar participando da orquestra, um espaço de formação musical que está focado na formação de futuros músicos profissionais. Oriundas dos meios populares, desenvolvem um trabalho pedagógico por vezes difuso e velado, e desejam ver os filhos felizes no que eles optarem profissionalmente. Nessa direção, os alunos que estão no grupo também ali permanecem por uma forte mobilização familiar, que trabalha em paralelo à socialização musical desenvolvida intensivamente na orquestra. A pesquisa edificou um novo modo perceptivo de conceber a família enquanto instituição em formação e formadora. Os resultados contribuem para uma reflexão crítica sobre o projeto educativo de pais, suas expectativas em relação à educação musical dos filhos e como o núcleo familiar reconfigura-se a partir de projetos musicais dessa natureza. Consequentemente, a pesquisa colabora para uma compreensão do impacto que projetos sociais na área de música têm sobre as famílias envolvidas.
Resumo O Groupe de recherche sur la socialisation, que há mais de 30 anos mantém suas atividades científicas voltadas para o estudo dos processos de socialização no espaço acadêmico francês, foi inserido, em 2011, em um novo laboratório chamado Centre Max Weber, da Universidade de Lyon 2, que incluiu também outros grupos de pesquisa. Para conhecer aspectos dessa transição, a entrevista foi realizada com a socióloga e pesquisadora Sylvia Faure. Para além de relatar a atual composição do laboratório Centre Max Weber, e em particular da equipe MEPS - Modos, espaços e processos de socialização, da qual faz parte, procura atualizar a maneira como a pesquisa é conduzida na configuração atual do grupo, os temas e os modos de (re)pensar o conceito de socialização.
Este artigo apresenta um balanço da produção de trabalhos publicados em periódicos classificados pelo Qualis A1 e A2 da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), no campo da educação musical. O objetivo foi conhecer e analisar estudos que abordam o uso e o conceito de socialização em revistas da referida área, compreendendo o mesmo como processo educativo em múltiplos espaços presentes na contemporaneidade. Este trabalho integra a primeira etapa da pesquisa de pós-doutorado realizada na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, a partir do interesse por um aprofundamento conceitual das teorias sociológicas dos processos de socialização. Os trabalhos que compuseram o corpus documental desta investigação compreendem vinte artigos publicados entre 2005 e 2017, no período de doze anos, nas três categorias analíticas delineadas, a saber: (1) uso tradicional do termo, (2) uso em compreensão sociológica e (3) ênfase teórica. Observa-se o crescente interesse da área de educação musical em compreender os efeitos das mídias na socialização de crianças e jovens, notadamente a partir de artigos identificados na segunda e terceira categorias. Junta-se às discussões sobre mídias o lugar da família para compreender um espaço privilegiado de formação de gosto e referenciais musicais, que trabalha junto à construção identitária dos indivíduos. Nesse sentido, o espaço educativo da escola não trabalha sozinho, carrega consigo a responsabilidade de abrir-se para novos desafios e demandas da vida cotidiana, considerando experiências e saberes individuais construídos em outros espaços de formação.
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