No cenário acadêmico brasileiro da atualidade, que classifica, pontua, calcula, impõe metragens e ordena pesquisa e pesquisadores em busca de uma suposta qualidade vista na frieza positiva dos números, o livro Signos Artísticos em Movimento (276 pp. São Paulo: BT Acadêmica. 2017) propõe uma quebra dogmática, na qual o texto científico precisaria seguir um modelo predeterminado de linguagem. Com esse espírito inovador e até libertário, sem perder o compromisso exigido pela ciência, os organizadores, que são também autores, Ana Maria Haddad Baptista; Rosemary Roggero e Ubiratan D'ambrosio trazem uma coleção de ensaios para tratar dos signos-representantes do ser e do mundo-em diversas espécies de artes, mantendo a criticidade criativa e investigativa e, assumindo esta categoria literária, abrindo-se para a interpretação das questões sensíveis e imateriais do ser, sem, no entanto, abdicar do poder primordial de sedução. No prefácio, justifica-se o apelo para a fuga da mesmice com o auxílio das alternativas ensaístas, dinâmicas, que mais interpretam do que apenas registram. Os assuntos sígnicos, envolvendo tempo, espaço e memória, muitas vezes densos, se esfarelam em entendimentos simples, mas bem elaborados pelos ensaístas. A cada peça textual, um desenho de abertura como pré-inteligência do que se desvela a seguir. Todas as ilustrações foram construídas pela artista plástica Rose Marie Silva Haddad, que leu composição por composição para ressignificar seus desenhos. A obra, em seu todo, versa sobre as artes, tornandose, em si mesma, o próprio signo e, ao mesmo tempo, signos multifacetados, dando voz aos diversos autores.