RESUMO Este trabalho tem como objetivo analisar os atuais discursos em torno do problema da imortalidade tecnológica presentes em algumas ficções científicas recentes. Essas ficções serão tomadas como ponto de partida para uma discussão sobre as implicações filosóficas decorrentes da possibilidade do mind uploading, principalmente no que se refere a uma ideia de transcendência e abandono do corpo. Por fim, questiona-se qual o lugar dos sonhos utópicos de imortalidade em meio à crise de futuro que vivemos atualmente, relacionada principalmente com a discussão em torno das mudanças climáticas e da insustentabilidade dos atuais modos de vida capitalistas.
Resumo O presente artigo tem como objetivo explorar as potencialidades do método da cartografia de Deleuze e Guattari no âmbito das redes digitais, levando em conta o advento das mídias locativas e das tecnologias de geolocalização que fazem surgir os espaços híbridos, nos quais a experiência de se movimentar no espaço geográfico coincide com o movimento pelo ciberespaço. O artigo discute as possibilidades de associação da cartografia com outras estratégias metodológicas, como a flânerie e os diários de bordo, com o intuito de fazer frente à complexidade dos processos de subjetivação que são atravessados hoje pelo acoplamento cada vez mais íntimo com as tecnologias digitais. Exploramos, enfim, estratégias que podem ser pensadas para fugir às estrias de um espaço digital cada vez mais dominado pelo controle e pela vigilância, evidenciando como a atitude cartográfica pode nos auxiliar a desfazer os mapas, em direção a processos de criação e singularização.
Resumo O presente artigo discute o resgate das experiências liminares no cotidiano, entendendo esse tipo de experiência como zona de passagem entre um estado e outro, de acordo com Walter Benjamin. Voltamo-nos a pensar sobre o que resta desses momentos de passagem para o sujeito da multidão, o qualquer um que devém todo mundo, nas palavras de Deleuze e Guattari. Lançamos, a partir disso, a possibilidade de um olhar mais aguçado ao cotidiano e uma forma de pensar que tome como modelo a temporalidade própria do limiar: um pensar devagar e por desvio, envolvido pelo tempo da espera e da infância.
Abstract:In this article we seek to problematize the role of the archivist in the cataloging of creative works produced by the Creativity Atelier at the São Pedro Psychiatric Hospital in Porto Alegre, RS, Brazil. Within this undertaking, we deem it possible to conduct an exercise in the dismantling of a territory instituted on an ethical decision sustained by a mode of narration and analysis of creations produced by individuals relegated to the margins of society, namely those who are institutionalized for lengthy periods of time in a psychiatric hospital. In this sense, our intent goes against the grain of hegemonic pathologizing discourses in order to produce other propositions about the mentally ill and their discordant languages. As cartographers of memory and oblivion, the archivists of the Creativity Atelier invest themselves in experimenting with new sensibilities in their encounter with auratic images. As the number of studies grows every day, the archivists affirm the fragmentary nature of memory and the characteristic incompleteness of the continuous consignment to an interminable archive.
Este trabalho tem como objetivo analisar como a noção de futuro que Deleuze esboça em sua filosofia do tempo pode ser relacionada ao pensamento decolonial, especialmente quando este se refere à possibilidade de imaginar outros futuros, ainda não capturados pelas promessas das utopias modernas ou pelos cenários pós-apocalípticos das distopias tecnológicas. Como herança do pensamento científico e moderno, o futuro vem sendo sequestrado pelas mais diversas técnicas de predição e antecipação. Já no território ficcional, os futuros imaginários das narrativas clássicas de ficção científica também foram colonizados, pois têm sido predominantes nesse tipo de ficção certas noções que estão intimamente ligadas a um ponto de vista eurocêntrico, como a noção de civilização, de “sociedades desenvolvidas”, ou até mesmo de humanidade. Por essa razão, destacamos a necessidade de dissociar o futuro de perspectivas finalistas que o fixam em certo tempo por vir. Para isso, recorremos aos conceitos de “terceira síntese do tempo” e de “geofilosofia”, elaborados por Deleuze (o segundo em parceria com Guattari), em uma tentativa de libertar a categoria do futuro das perspectivas lineares e cronológicas do tempo, ressaltando, por outro lado, sua abertura e multiplicidade. A partir de uma aproximação entre essa abordagem do futuro e os estudos decoloniais, apostamos, por fim, em uma perspectiva especulativa que inclua a incerteza, para assim dar à luz outras versões do futuro, não aqueles já prováveis, mas futuros ainda não pensados, outros mundos que estão, neste exato momento, também reivindicando por um chamado à existência.
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