A migração venezuelana é uma problemática da atualidade que se intensificou em Roraima, acarretando demandas nos serviços públicos de saúde. O objetivo do presente estudo foi analisar o impacto da migração na assistência em um hospital de referência de Roraima. Consiste em um trabalho qualitativo que utilizou vinte entrevistas semiestruturadas com os profissionais do hospital. Percebe-se que não houve o incremento de quantitativo profissional e do aporte de insumos; planejamento prévio; ou melhorias na infraestrutura para se adequar à nova realidade. Muitos imigrantes vivem em situação de vulnerabilidade social e as diferenças culturais e comportamentais são elementos que dificultam a assistência em saúde. A imigração impacta negativamente na assistência, contudo, apenas potencializando os problemas crônicos já existentes desse hospital.
Transtorno Mental Comum (TMC), prevalente entre os estudantes de medicina, evidencia a existência de fatores correlacionados aos hábitos de vida e métodos de ensino. Objetivando analisar qualitativamente esses fatores associados à prevalência do TMC nesses acadêmicos, este estudo é descritivo e exploratório, de cunho comparativo, envolvendo as duas universidades de medicina da cidade de Boa Vista (Roraima), que possuem métodos de ensino distintos: aprendizagem baseada em problemas (ABP) e tradicional. Aplicou-se o Self-Reporting Questionnaire-20, em seguida selecionou-se apenas alunos que apresentavam TMC, mediante o questionário, para participar de entrevistas semiestruturadas, por meio da Saturação de Dados e Análise de Conteúdo. Participaram 114 estudantes, 52 da UERR e 62 da UFRR, dentre os quais foram selecionados 11 da UERR e 11 da UFRR para entrevista, e foram criadas 3 categorias. Constatou-se graus elevados de TMC, independente do método, no entanto, para os acadêmicos do ensino tradicional, preponderantemente pela carga horária curricular, limitando o autocuidado e a prática de hábitos saudáveis, enquanto que para os da ABP ressalta-se as dificuldades de gestão de tempo e a concentração das demandas acadêmicas em poucos dias de ensino. Não obstante, notou-se que as atividades extracurriculares foram determinadas como fator estressor para o método tradicional, e de alívio para o ABP. Faz-se necessário intervenções em relação à saúde mental dos discentes, para ampliar o controle emocional e a qualidade de vida, tão defasada nos profissionais médicos.
Objetivo: descrever a experiência de um projeto de extensão que utiliza oficinas de PS como ferramenta de educação em saúde direcionado ao ensino de PS a estudantes de ensino médio. Assim, acadêmicos de medicina desenvolveram oficinas dirigidas a estudantes de ensino médio de escolas públicas da cidade de Boa Vista, Roraima. O processo educativo foi divido em quatro etapas: I- exposição das situações mais frequentes de PS; II- avaliação prévia dos conhecimentos dos participantes com perguntas relacionadas a situações de PS; III- exposição teórico-prática das técnicas e condutas em situações de PS; IV- avaliação da compreensão e reprodução das técnicas trabalhadas. Percebeu-se despreparo da população frente às emergências: condutas expostas, majoritariamente, basearam-se erroneamente na crença popular, sem respaldo científico. Todavia, participantes correlacionaram experiências prévias, permutaram conhecimentos e expuseram argumentos, conforme os princípios horizontais dessa intervenção teórico-prática. Houve grande interesse nas práticas, contribuindo para uma participação exitosa dos integrantes que demonstraram aprender conhecimentos confirmados após comparação dos pré e pós-testes, portando-se adequadamente diante emergências. Conclui-se que os estudantes de ensino médio trabalhados em Boa Vista carecem de noções básicas e de intervenções de ensino de PS, porém, há interesse desse público nessa temática que, quando trabalhadas com metodologias teórico-práticas horizontais e interativas, permitem que as noções básicas em PS sejam aprendidas de modo efetivo. Experiências como essa, escassas no estado de Roraima, podem contribuir como incentivos para outras universidades, principalmente no Norte do Brasil, para o desenvolvimento de projetos de extensão similares, fortalecendo, assim, o papel social das universidades.
Este estudo tem por objetivo relatar uma experiência de estratégias de educação em saúde, abordando sexualidade, prevenção de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e empoderamento do corpo adolescente em escolas na cidade de Boa Vista, Roraima. Utilizaram-se oficinas lúdicas e interativas, além de rodas de conversas de método transversal para abordar os temas: gravidez na adolescência; puberdade; questões de gênero; ISTs; sexualidade; estereótipos sociais; machismo; heteronormatividade e homofobia. Primeiramente, foi realizada uma oficina com intuito de divulgar conhecimentos para a prevenção de ISTs e de gravidez precoce. Notou-se que mesmo com o êxito na divulgação dos conceitos biocientíficos, a barreira sociocultural impera. Portanto, reafirma-se a necessidade de intervenções com conteúdo preventivista, porém, entende-se que são insuficientes para atingir a educação plena em saúde, a quebra dos mitos e a contribuição necessária pelos ambientes escolares no desenvolvimento sexual infantil. Na segunda oficina, o foco foi no debate de conceitos da pluralidade sexual e da identidade de gênero. Nessa, percebeu-se que apesar da existência de conhecimentos prévios quanto a sexualidade, os alunos escolares persistiam em acreditar em uma sexualidade heteronormativa e, em sua maioria, rejeitavam a existência de outras identidades de gênero. Isto é, as barreiras socioculturais novamente são mais importantes para o enfrentamento da homofobia e da transfobia que a falta de conceitos-chave sobre sexualidade. Por fim, pode-se afirmar que estas intervenções fortalecem a formação profissional dos acadêmicos de medicina, ao passo que ampliam a discussão acerca da sexualidade no ambiente escolar, sendo um passo importante para debater a educação sexual e suas metodologias.
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