RESUMO: Objetivo: O objetivo do presente estudo foi avaliar os resultados clínicos iniciais após a implementação do projeto Acerto Pós-operatório (ACERTO) em pacientes operados num serviço universitário de cirurgia geral. Método: 161 pacientes foram prospectivamente observados durante dois períodos: o primeiro, entre janeiro a junho de 2005 (n=77) formado por pacientes submetidos a condutas convencionais (período PRÉ-ACERTO) e o segundo, entre agosto a dezembro de 2005 (n=84), formado por pacientes submetidos a um novo protocolo de condutas peri-operatório estabelecidas pelo projeto ACERTO (período PÓS-ACER-TO). A coleta de dados nos dois períodos ocorreu sem o conhecimento dos profissionais do serviço. As variáveis observadas foram: indicação de suporte nutricional pré-operatório, tempo de jejum pré e pós operatório, volume de hidratação, uso de sondas e drenos, tempo de internação e morbidade pós-operatória. INTRODUÇÃOA recuperação pós-operatória de pacientes submetidos a operações do aparelho digestivo continua sendo um grande desafio para o cirurgião. Nas operações de maior porte, os índices de complicações mantêm-se elevados, da ordem de 20-40% 1 . Não obstante, observa-se que grande parte das rotinas voltadas aos cuidados peri-operatórios em cirurgia abdominal vem se mantendo pouco alteradas ao longo do tempo. Isto tem sido impulsionado por antigos conceitos, paradigmas médicos que persistem em cirurgia e acabam por criar receios nos profissionais envolvidos no tratamento desses pacientes 2 . Estudos recentes têm procurado avaliar a existência de respaldo científico a muitas dessas condutas, o que acaba implicando em uma revisão de conceitos, confrontando princípios consagrados pelo empirismo com o peso da evidência. Em cirurgia digestiva, os principais pontos a serem considerados dizem respeito à abordagem nutricional (suporte nutricional peri-operatório, diminuição do período de jejum pré-operatório e liberação precoce da dieta no pós-operató-rio), limitação ao uso de drenos, sonda nasogastrica; menor hidratação venosa peri-operatória, e utilização sistemática do preparo pré-operatório do cólon em cirurgias colorretais. Destaque também tem sido dado ao emprego racional de antibió-ticos, controle da dor, náuseas e vômitos pós-operatórios, preparo emocional dos pacientes e abordagem fisioterápica provendo mobilização ultraprecoce e retorno precoce às atividades.Resultados apresentados pelo projeto multicentrico Europeu denominado ERAS (Enhanced Recovery After Surgery) apontam para novas perspectivas no emprego de métodos de manejo peri-operatório visando à diminuição de complicações cirúrgicas, acelerando a recuperação dos pacientes 3 . Esta nova abordagem multidisciplinar tem por base uma ampla gama de estudos os quais demonstraram que a utilização de programas apoiados pela prática da medicina baseada em evidências quando aplicados à cirurgia abdominal podem prover um retorno precoce da função intestinal e melhoria das funções fisiológicas dos pacientes, resultando
OBJETIVO: Avaliar resultados pós-operatórios de pacientes do Serviço de Cirurgia Geral do Hospital Universitário Julio Muller antes e após a implantação do protocolo multimodal ACERTO. MÉTODO: Estudo retrospectivo em fichas preenchidas prospectivamente referentes a 5974 pacientes. Foram comparadas duas fases: de Janeiro de 2002 a Dezembro de 2004 (antes da implantação do protocolo ACERTO: período AA, n=1987); e de Janeiro de 2005 a Dezembro de 2008 (após a implantação do mesmo: período DA, n=3987). Comparou-se tempo de internação hospitalar, hemotransfusões realizadas, infecções de sítio cirúrgico (ISC), complicações operatórias e óbitos. RESULTADOS: Houve uma diminuição em um dia no tempo de internação entre o período AA e DA (mediana [variação]: 4 [0-137] vs. 3 [0-126] dias e moda: 3 vs. 2 dias; p<0,001). No período AA houve uma relação de 2,53 bolsas de hemoderivados transfundidas por paciente contra 0,77 no período DA (p<0,001). Notou-se tendência decrescente no número de casos de ISC ao longo dos anos estudados (A=-153,08; AA:7,51% vs. DA: 3,36% (p<0,001; RR=2,23; IC95%:1,73-2,89). Houve ainda tendência decrescente em relação a complicações operatórias (A=-51,41; AA:7,9% vs. DA: 6,14%; p=0,02; RR=1,29; IC95%:1,03-1,60), reoperações (A=-57,10; AA:/2,65% vs. DA:1,19%; p<0,001; RR=2,22; IC95% 1,43-3,44) e óbitos (A=-62,07;2,81% vs.1,73%; p<<0,01; RR=1,63; IC95%:1,15-2,31). CONCLUSÃO: A introdução do protocolo ACERTO proporcionou melhora dos resultados cirúrgicos, expressos por menor tempo de permanência hospitalar, uso de hemoderivados, e diminuição dos casos de infecção do sítio cirúrgico, complicações operatórias e óbitos.
RESUMO: Objetivo:Investigar se a adoção de um protocolo de restrição hídrica intravenosa em colecistectomia aberta diminui a permanência hospitalar. Método: Estudo prospectivo envolvendo pacientes submetidas a colecistectomia aberta após a adoção de um protocolo multimodal (projeto ACERTO). Pacientes com intercorrencias intra-ou pós-operatórias foram excluídas. Todas as pacientes receberam uma solução de carboidratos 2h antes da operação. Foram coletadas as seguintes variáveis: peso, altura, estado nutricional, volume total de fluidos intravenosos (VTFI) e volume prescrito em ml/kg de peso por dia. Resultados: 64 pacientes (11 M e 53 F; idade mediana = 43 anos) completaram o estudo. A re-alimentação pós-operatória ocorreu no mesmo dia da operação (62,5%) ou no dia seguinte (37,5%). Não foram registradas complicações infecciosas ou óbitos. O tempo mediano de internação pós-operatória foi de 1 (1-4) dia. Observou-se correlação entre o VTFI (r=0,44; p<0.001) e volume de fluídos / kg peso /dia (r=-0,29; p=0,03) e o tempo de internação pós-operatória. Alta no 1º PO foi possível em 73,3% dos casos quando a prescrição foi de até 20mL/Kg/dia e em 41,2% quando o volume prescrito foi maior (p<0.001; Odds Ratio=3,92; IC95% 1,36-11,32). Conclusão: A restrição de fluidos intravenosos em colecistectomia aberta determina alta mais precoce (Rev. Col. Bras. Cir. 2007; 34(6): 381-384 INTRODUÇÃOOs pacientes submetidos à anestesia geral ou bloqueio têm uma veia puncionada e recebem fluidos intravenosos durante a operação. Após o término da operação, o cirurgião executa a prescrição do pós-operatório imediato e, nessa prescrição, é comum a continuidade do uso de fluidos intravenosos. O racional para essa rotina é a segurança de uma via intravenosa rápida e a hidratação do paciente. Diferentes regimes utilizados pelos anestesistas e cirurgiões asseguram uma infusão de cristalóides que tem relação com a duração da operação, o peso do paciente, sua condição clíni-ca prévia e o seu tempo de jejum no pré-operatório 1 . A colecistectomia é uma das operações mais comumente realizadas no mundo inteiro. Embora a videolaparoscopia seja a via de acesso mais apropriada, ainda é comum no Brasil a realização da colecistectomia por via aberta. Rego et al.² por exemplo, em um hospital universitário de São Paulo, apresentam resultados de 243 colecistectomias realizadas em idosos. Nessa casuística, coletada entre 1992 e 1999, aproximadamente 50% dos pacientes foram operados pela via aberta. Na prescrição do pós-operatório imediato é comum a prática da hidratação com fluidos na faixa de 30-50 ml/kg de peso por dia 3 . Isso determina a introdução de 2000 a 3500 ml de soro por dia nos pacientes e por conseguinte, uma grande sobrecarga de sódio. As vezes, mesmo em casos não complicados, essa prescrição continua pelo 1º dia de pós-operatório.Entretanto, o volume peri-operatório de fluidos intravenosos infundidos tem sido questionado nos últimos anos. Estudos clínicos têm mostrado que regimes de restrição de fluidos intravenosos associam-se a menor taxa...
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