O presente artigo discute a utilização do audiovisual para representar as características e as possibilidades de um musicar local. Ao observar o processo de criação do documentário Um ouvido no fone e o outro na cidade, os(as) autores(as) refletem sobre os usos e as funções da música, bem como sobre o engajamento musical e a relação de escuta dos(as) riders – entregadores(as) de comida por aplicativo. Esses(as) profissionais são brasileiras e brasileiros que moram em Dublin e que têm a música como parte essencial da sua rotina de trabalho. Nesse sentido, nossa questão é: como representar as diversidades e as contradições desse musicar local? Argumentamos que, por meio das etapas coletivas de desenvolvimento e criação desse documentário, os(as) realizadores(as) expressam não apenas o engajamento dos(as) riders com a música, mas também constroem uma representação sensorial do musicar que perpassa as relações de trabalho, de afeto e de localidade.
Resumo: O presente artigo parte de uma experimentação denominada “Mapa visual”, que consiste no capítulo 05 da minha tese de doutorado, intitulada “Dupla imagem, duplo ritual: A Fotografia e o Sutra Lótus Primordial”. O intuito com essa grande montagem é oferecer ao leitor-explorador 28 fotografias referentes ao contexto etnográfico da minha pesquisa, que colocam em relevo as diversas práticas da comunidade budista japonesa HBS. No referido mapa, ressalto a existência de uma elaboração formal na composição de uma espécie de sudoku, que possui o intuito de dar a ver e conhecer os gestos, expressões, poses e performances dos meus interlocutores, estabelecendo, dessa maneira, uma cartografia visual das relações por mim encontradas em campo. Na busca por esse conhecimento sensível e sensorial, o leitor-explorador precisará navegar pelo mapa sem um direcionamento fixo, quase à deriva, sendo convidado a desmontar o quebra-cabeça por mim elaborado, que possui vários níveis distintos, complexos e com lacunas, almejando estabelecer um pensamento “com” e “por” imagens.Palavras-chave: Mapa visual. Montagem. Experimentação. VISUAL MAP: THE DIS(ASSEMBLY) AS AN ANTROPOLOGICAL EXPERIMENTATION Abstract: This article starts from an experiment called “Visual map”, which consists of chapter 05 of my doctoral thesis, entitled “Double image, double ritual: Photography and the Primordial Lotus Sutra”. The purpose of this great assembly is to offer the reader-explorer 28 photographs referring to the ethnographic context of my research, which highlight the various practices of the HBS Japanese Buddhist community. In the referred map, I emphasize the existence of a formal elaboration in the composition of a kind of sudoku, which intends to show and understand the gestures, expressions, poses and performances of my interlocutors. Consequently, a visual cartography of the relationships I found in the field is created. In the search for this sensitive and sensory knowledge, the reader-explorer will have to navigate the map without a fixed direction, almost adrift, being invited to disassemble the puzzle I have created, which has several distinct, complex and gaping levels, aiming to establish a thought “with” and “by” images.Keywords: Visual map. Assembly. Experimentation.
ResumoEste trabalho busca desmistificar o conceito corrente no mundo ocidental e no Brasil a respeito do Budismo, suas práticas culturais (incluindo a arquitetura e disposição física dos Templos) e seus adeptos. O intuito é o de mostrar que esta tradição ultrapassa a noção de "filosofia de vida", se constituindo em uma religião (com história, livro sagrado e diversas subdivisões) que se adapta ao contexto sócio-cultural no qual é inserida. Para tanto, utilizarei como exemplo sintomático a corrente budista japonesa Honmon Butsuryu-shu, através de pesquisa realizada junto a comunidade em questão. Fundada a cerca de 2.500 anos atrás, pelo Buda Shakyamuni (que, no entanto, não tinha o intuito de fundar uma religião), o Budismo é composto por diversas subdivisões, indo além do dueto Zen Budismo e Budismo Tibetano, correntes que estão "na moda" nos países à oeste do globo, inclusive no Brasil.Neste sentido, os adeptos desta religião, sejam fiéis ou sacerdotes (monges), não precisam necessariamente seguir uma vida monástica e ascética (repleta de proibições) para alcançar o ideal budista da Iluminação ou Nirvana. Para esclarecer tal situação, considero como ponto de partida o texto de Alcida Rita Ramos (2012) denominado "O índio hiper-real", no qual a autora nos mostra a relação construída entre os brancos e os índios no Brasil, acentuando que a existência de um modelo de índio mantém "o
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