No campo da Análise da Política Externa (APE), um dos principais objetivos de pesquisadores é conseguir tipificar e explicar quando e como podem ocorrer inflexões em política externa. Um dos principais trabalhos dentro do campo voltados a esse objetivo é o de Charles Hermann, Changing Course: when governments choose to redirect foreign policy, de 1990. Este artigo propõe um teste do potencial analítico da teoria de Hermann para a análise de mudanças em política exterior. Para isso, testaremos a teoria com uma análise das diferenças entre as políticas externas de Dilma Rousseff (2011-2016) e Michel Temer (2016-2018), bem como dos principais fatores determinantes para as alterações de curso adotadas pelo governo Temer. Para alcançarmos nosso objetivo, utilizaremos discursos, notas diplomáticas, artigos em jornais, e fontes bibliográficas para basear nossa análise. Nosso trabalho indica que a teoria de Hermann é capaz de explicar a existência de mudanças no comportamento externo dos dois governos, bem como as principais causas dessas inflexões.
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Este trabalho resenha a obra Neoclassical Realist Theory of International Politics, de Norrin Ripsman, Jeffrey Taliaferro e Steven Lobell, publicado em 2016. O intuito dos autores é construir um modelo teórico realista neoclássico, indo além do ideário neorrealista focado apenas em fatores sistêmicos enquanto determinantes da política exterior de um Estado. Assim, alguns fatores domésticos são elencados enquanto variáveis intervenientes capazes de influenciar a resposta de um Estado aos estímulos vindos do sistema internacional.ABSTRACTThis paper aims to review Neoclassical Realist Theory of International Politics, a book written by Norrin Ripsman, Jeffrey Taliaferro e Steven Lobell and published in 2016. The authors goal is to construct a neoclassical realist model, as a further advance in comparison to neorealist appraisal of International Politics, whose claim that systemical restraints and dictates the foreign policy of states. Hence, some domestical factors are placed as intervening variables that can influence a state’s reaction to the stimulus emanated from the international system. Palavras-chave: Realismo, Teoria das Relações Internacionais, análise de política externa.Keywords: Realism, International Relations theory, Foreign policy analysis.Recebido em 13 de Maio de 2018 | Aceito em 22 de Maio de 2018.Received May 13, 2018 | Accepted on May 22, 2018. DOI
Este artigo analisa a motivação brasileira para agir como mediador de tensões em um dos momentos mais delicados da história do Suriname, em 1982: a crise que sucedeu o assassinato de diversos opositores de seu líder, Desiré Bouterse, que propugnava uma guinada na política externa de seu país, propondo uma aproximação de Cuba. A gestão brasileira ficou conhecida como “Missão Venturini”, enviada em 1983, cujo maior objetivo foi evitar essa guinada do governo surinamês, bem como potenciais ingerências dos Estados Unidos, que investiam em intensa campanha anticomunista sob o governo Ronald Reagan, na América do Sul. Nossa análise, pautada em documentos dos Arquivos Saraiva Guerreiro e Azeredo da Silveira, disponibilizados pelo CPDOC/FGV, usa a teoria prospectiva para oferecer uma resposta a tal indagação. Indicamos que a executiva de política externa, agindo de modo a evitar perdas decorrentes de possíveis gestões estadunidenses na região, optou pelo oferecimento de cooperação ao Suriname visando “moderar” o discurso e as ações do governo Bouterse.
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