A pandemia do novo-Coronavírus, iniciada em 2020 e com extensão até os dias atuais, alterou várias determinantes sociais de saúde. Tal alteração, de forma aguda ou cronicamente, significa, em muitos casos, o adoecimento, físico ou mental, da população de forma geral, com demanda especial da atuação dos profissionais da Atenção Básica, a qual constitui a porta de entrada para o Sistema Único de Saúde (SUS). No contexto da pandemia, houve aumento de transtornos psiquiátricos os quais demandam atuação multidisciplinar para seu manejo adequado, com destaque especial para a integração do atendimento médico com o atendimento psicológico/psicoterapêutico. Os transtornos mentais comuns (TMC) são desses que aumentaram durante a pandemia e seu tratamento envolve, na maior parte dos casos, abordagem médica, psicoterapêutica e/ou psicofarmacológica. A psicoterapia já se mostrou eficaz na remissão dos sintomas e na prevenção de recidivas dos TMC. Por isso, o objetivo do presente trabalho é analisar retrospectivamente o número de atendimentos em psicoterapia realizados nos dois anos anteriores ao início da pandemia, 2018 e 2019, comparativamente aos dois principais anos de seu desenvolvimento até o momento, 2020 e 2021. Para tanto, foram utilizados dados coletados na plataforma TABNET, especificamente no DATASUS. Do mesmo modo, foram realizadas buscas nas plataformas científicas mais conhecidas, como SCIELO e PUBMED, para estabelecer um paralelo entre os achados do presente estudo e os achados da literatura científica mais atual. Conclui-se que, durante a pandemia, apesar do aumento da demanda pela atuação dos psicólogos, houve redução do número de atendimentos em psicoterapia em cerca de 21%, comparando com os anos anteriores. Essa redução implica em maiores dificuldades no manejo dos TMC, sobretudo na atenção básica, a qual só não foi maior pelo rápido desenvolvimento de metodologias para atendimento psicológico à distância/on-line, a chamada telessaúde. Os motivos dessa redução são, principalmente, as diversas medidas restritivas e de isolamento impostas para conter as infecções pelo SARS-COV-2 e o temor de adoecer por parte da população, com perda de seguimento por grande parte dos pacientes. Mais estudos, entretanto, são necessários para caracterizar melhor essa realidade.
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