O presente artigo se propõe a discutir as relações entre a transexualidade e a norma sexual a partir da interlocução teórica entre a psicanálise e os estudos queer. A transexualidade midiatizada e atravessada pelo discurso médico/institucional hoje atualiza o ideal do perfeito alinhamento entre corpo e identificação, em que as posições masculinas e femininas estariam estabilizadas. Diante disso, propomos uma releitura do Édipo em Freud e Lacan, destacando os pontos de fissura, de falha na normatização das posições sexuadas. Tal perspectiva nos permitiu aproximar a psicanálise e os estudos queer sob o eixo epistemológico comum do conceito de ‘pura diferença’, em que se verifica uma relação contingente com a lógica fálica, impossível de ser universalizada. Nas conclusões, indicamos algumas consequências políticas do diálogo entre a psicanálise e os estudos queer, as quais questionam as definições rígidas sobre a diferença sexual e contribuem para a crescente d espatologização dos sujeitos trans.
Este trabalho visa interrogar as causas e os processos discursivos relacionados ao fascínio que o modelo hegemônico da medicina descritiva exerce sobre os profissionais e os alunos dos cursos de psicologia, e também sobre a população como um todo. Buscamos politizar a questão, partindo da discussão mais ampla sobre os manuais classificatórios DSM e CID e suas consequências para o crescente movimento de “autodiagnose”. Em seguida, em uma análise epistemológica, investigamos a histórica e problemática constituição da psiquiatria no campo médico, bem como as possíveis razões para a adesão ao discurso psiquiátrico por parte do campo psicológico. Tal trajeto nos permitiu introduzir uma análise genealógica e crítica da legitimação do saber médico em nossa cultura, realizada a partir do conceito foucaultiano de biopolítica. Nas conclusões, trabalhando com a teoria lacaniana dos quatro discursos, pudemos apontar o quanto a conjunção entre ciência e capitalismo, constatada na dominância do discurso médico, inviabiliza um lugar para o sujeito e para o seu não saber.
Este artigo tem como objetivo investigar quais as possíveis condições de emergência das demandas por diagnósticos psiquiátricos advindas das escolas atuais, em destaque, as escolas públicas brasileiras. A investigação teve início contrapondo diferentes modelos de escola ao longo do tempo, demonstrando como cada um destes produziu em sua conjuntura, um modelo norma-desvio que fundamenta a prática escolar. Ao longo da discussão, a dimensão diagnóstica emergiu atrelada à crescente sistematização avaliativa das escolas, corroborando com a dimensão neoliberal de uma escola que busca alcançar lucros. Em uma problematização teórica que dialoga com os estudos foucaultianos, pode-se demonstrar o quanto a emergência por diagnósticos psiquiátricos faz parte da atual racionalidade governamental da instituição escola. Nas conclusões, a questão referente ao diagnóstico psiquiátrico apresenta-se como uma modulação da diferença, cuja demanda crescente no contexto escolar mencionado reflete, de forma estratégica, a igual crescente busca por bons índices nas avaliações em larga escala.
O trabalho que se segue procura discutir as categorias da diferença e do contingente no quadro atual de formação dos psicanalistas lacanianos. Perguntamo-nos de que maneira os aspectos contingentes em jogo na formação do analista tornam possível o maior (ou menor) acolhimento à diferença, tanto na clínica quanto no laço social. O primeiro tópico introduzirá as categorias da diferença e do contingente em uma perspectiva lógica, a lógica da sexuação, por nós articulada aos modos de funcionamento das instituições psicanalíticas. No segundo, com a ajuda do testemunho de uma psicanalista sobre seu próprio percurso de formação, veremos como o desejo de obter a diferença se produz em consequência do percurso de análise. Por fim, demonstraremos de que maneira a diferença e o contingente não se encerram no contexto das instituições de formação, estendendo as nossas conclusões à prática do psicanalista nas demais instituições disponibilizadas na cultura.
Quem será o mais-um? A pergunta que se repete a cada novo cartel constituído nos servirá de mote para discutir as contribuições da psicanálise para o campo da política. Em uma perspectiva lógica, investigaremos a distinção entre a política do Um, agenciada pela exceção, e as políticas do um a um, em estreita articulação com a função do mais-um. Descentralizadas, pluralizadas, singularizadas, as políticas do um a um nos remetem à possibilidade de fazer laço entre sujeitos dessemelhantes, tomados em suas inteiras singularidades. Sob tal perspectiva, se há um índice de “quem será o mais-um”, ele se refere às chances de contar (com) a diferença no trabalho que se produzirá um a um. Nas conclusões, a dimensão política da função do mais-um será retomada em uma perspectiva mais ampla, do cartel à pólis, no debate das questões relacionadas com o governo e a diferença.
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