Neste artigo buscamos compreender qual é o espaço dos t-lovers, sujeitos que na busca pela manutenção dos padrões masculinos dominantes e cis-heteronormativos encontram na sociedade “off-line”, maneiras de dar novos contornos ao armário proposto por Sedgwick (2007). Pensar o armário no contexto do ciberespaço é peça-chave para entender as múltiplas masculinidades performadas pelos mesmos indivíduos em diferentes espacialidades. Dessa forma, o anonimato converte-se em tática para que possam manter relações com as t-gatas sem ferir os símbolos atribuídos ao que foi construído como “ser homem”. Nas pesquisas em gênero e sexualidade, frequentemente, recorre-se ao uso de uma metodologia que contemple eventos e narrativas vivenciadas pelos próprios participantes, por isso no presente trabalho optou-se pela utilização da análise do discurso.

O presente relato visa expor práticas pedagógicas articuladas entre integrantes do coletivo de alunes negres da Geografia UERJ - Maracanã, o Mandume, professoras do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira e estudantes integrantes do coletivo negro desse mesmo colégio, o CApretos, com turmas de 7° ano, realizando uma abordagem didática crítica sobre a questão racial e associando a condição do estudante negre em uma realidade encadeada pelo racismo a seu desempenho escolar. Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de práticas antirracistas no espaço da escola, o coletivo visou possibilitar o surgimento de mais coletividades organizadas pleiteando uma existência plena e digna na sociedade. Para elaboração de um material didático adequado às turmas de 7° ano foram utilizados, como exemplos, fortes referências midiáticas consumidas pela faixa etária dos estudantes alvo naquele momento e situações do cotidiano compartilhadas pelas coletividades, a fim de que o conteúdo abordado fosse facilmente correlacionado com experiências da vida pessoal e, portanto, compusessem relações de ensino-aprendizagem com conhecimentos e críticas significativas para as vivências e trajetórias desses estudantes.