INTRODUÇÃO: A Cannabis sativa contém centenas de compostos, dos quais 85 são canabinoides, podendo ser usados na medicina, sendo os principais o tetrahydrocannabinol (THC) e cannabidiol (CBD). A epilepsia é uma doença neurológica muito comum caracterizada pela ocorrência de crises convulsivas devido à hiperexcitabilidade e hipersincronismo neuronal. O THC é um agente psicoativo, enquanto o CBD não possui essa característica, mas sim propriedades anticonvulsivantes que agem no sistema endocanabinoide reduzindo o influxo de cálcio para a célula e, em consequência, a hiperatividade cerebral. Cerca de um terço dos pacientes com epilepsia apresentam quadro refratário, sendo caracterizado pela permanência de crises mesmo em uso adequado de duas ou mais medicações de primeira linha. Nesses casos, o uso da Cannabis vem sendo cada vez mais estudado, principalmente em crianças, por serem as mais afetadas pelas crises. OBJETIVO: Analisar a relação do uso da Cannabis sativa em pacientes pediátricos com epilepsia refratária ao tratamento medicamentoso convencional. METODOLOGIA: Foram encontrados um total de 21 artigos e destes, 5 foram aproveitados para a confecção da atual revisão, sendo que 16 foram descartados por não serem pertinentes ao tema. Os artigos selecionados foram publicados entres os anos de 2019 e 2021, retirados das bases de dados Scielo, PubMed e Google Acadêmico e "Cannabis", "epilepsia refratária" e "criança" foram os descritores utilizados na língua portuguesa. RESULTADOS: O uso da Cannabis para tratamento de crianças com epilepsia refratária possui alta eficácia nos estudos realizados, mostrando redução de metade das crises convulsivas em cerca de 30% dos pacientes (RAUCCI, 2020), além de efeitos benéficos, como melhora do humor, cognição e atenção. O composto CBD é o único com comprovada propriedade anticonvulsivante, sendo usado "puro" (Epidiolex®) em crianças, possuindo maior segurança e tolerabilidade. Ademais, é descrito que o mesmo possui uma interação positiva com o Clobazan, diminuindo o catabolismo do medicamento e aumentando, portanto, seu nível sérico no organismo, agindo contra as crises convulsivas. Todavia, o composto THC, mesmo que em pouca quantidade, ainda pode ser encontrado em alguns produtos ditos "puros", levando os pesquisadores a se preocuparem com potenciais riscos desconhecidos, como danos no desenvolvimento cerebral infantil, já descritos em estudos pré-clínicos, mostrando-se a necessidade da legalização da planta para uso farmacológico, realizando, então, controle de medicamentos feitos com a substância e não seu uso ilegal e perigoso em diversos países. Efeitos colaterais gastrointestinais, como náusea e diarreia, e outros, como sonolência e fadiga, também foram descritos em alguns pacientes de forma leve, que, somando-se à fatores psicossociais, como preconceito e medo por parte da família, prejudicam a adesão ao tratamento. CONCLUSÃO: Dessa forma, entende-se que o uso da Cannabis sativa